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Entidades não foram convidadas para inauguração do DPM da Piedade  

Depois de polêmicas a respeito do local para instalação, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e a Polícia Militar anunciaram para esta quarta-feira (26) a inauguração do Destacamento da Polícia Militar do bairro da Piedade, localizado na Rua Tenente Luiz Queiroz do Nascimento, 21-A. A inauguração atende a uma antiga reivindicação dos moradores, que, neste ano de 2018, sofreram com uma intensa onda de violência do tráfico, no entanto, entidades como a ONG Raízes da Piedade, não foram convidadas para o evento. Inconformados com tal descaso e falta de diálogo, um protesto foi realizado na quadra da Escola de Samba Unidos da Piedade, no mesmo horário da solenidade de inauguração. 

“Não nos convidaram para essa festa pobre, que os HOMENS armaram pra 'nos' convencer…”. Essa é a chamada para o ato na página do Facebook da ONG Raízes da Piedade, que publicou um texto de protesto: “No dia 26/12/2018, às 17h, haverá a inauguração da Base da PM no Morro da Piedade. Após a expulsão de diversas famílias do Morro, das mortes e do clima de abandono na comunidade, o governo estadual reaparece, mais uma vez sem diálogo, para inaugurar a megaestrutura predial que visa 'controlar' a violência no local. Esta estrutura montada no bairro, em que a maioria das casas não possui sequer acabamento ou mesmo banheiro interno, é reafirmar o lugar de exclusão que se insere o Morro da Piedade”

E continua: “O que nos incomoda é a inércia nestes seis meses que a PM já atua no local, sem dar ouvido a lideranças locais e moradores. Assim, convocamos a comunidade, moradores, os movimentos sociais e a sociedade civil para participar e se manifestar, transformando esta inauguração em um grande ato de cidadania! Na quadra de esportes do Morro da Piedade às 16h, nesta quarta, vamos mostrar que 'a gente não quer só polícia, a gente quer saúde, urbanização, cultura, lazer e todas as políticas públicas necessárias e que merecemos!”. 

O DPM da Piedade será inaugurado em imóvel localizado na Rampa Tenente Luiz Queiroz do Nascimento, nº 21-A, conforme decreto de desapropriação publicado no 1º de agosto deste ano no Diário Oficial do Estado. Assinado pelo próprio governador Paulo Hartung, o imóvel, de acordo com o decreto, destinava-se à instalação do Destacamento, sob responsabilidade da Sesp. 

Na ocasião, o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha, afirmou que “o problema era o Estado se negar a dialogar com a comunidade e a sociedade civil organizada”, uma vez que mesmo aprovando o DPM na parte baixa por necessidade, a comunidade desejava que o destacamento, inicialmente, ficasse na parte alta do morro. Os moradores também rejeitaram um projeto de utilizar a área do telecentro para abrigar os policiais, o que, inclusive, foi anunciado para a imprensa sem consulta aos moradores. 

Medo

A onda de violência, neste ano de 2018 na Piedade, causou pânico, evasão do bairro e o clima de medo ainda continua, depois de mortes, inclusive por balas perdidas”. Foi assim que Lucas Teixeira Verli, de 19, que jantava na varanda de sua casa, foi alvejado com disparos, inclusive no rosto, no dia 28 de maio deste ano. De acordo com relatos, um grupo com mais de 20 criminosos chegou ao bairro pelo alto atirando contra as residências antes das 21 horas. Entre os atiradores, homens com máscaras para esconder os rostos. Além de Lucas, este ano foram quatro jovens assassinados, incluindo os irmãos Ruan e Damião Reis, em março, e Walace de Jesus Santana.

Segundo levantamento do ativista social Jocelino Júnior, a partir de pesquisa realizada pelo Grupo Raízes tendo como fontes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi identificado que, entre 2010 e 2018, houve uma redução de 62,7% no número de habitantes nos bairros Fonte Grande e Piedade. “Observamos que a diminuição somente na Piedade foi de 48%”, explicou. 

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