A poucos dias da transmissão de faixa para seu principal adversário, o governador Paulo Hartung (sem partido) tirou o último dia útil do ano, esta sexta-feira (28), para repetir as maravilhas do seu governo e anunciar o que vende como um “presentão” a Renato Casagrande (PSB): ao invés de R$ 300 milhões em caixa, vai deixar R$ 450 milhões! O valor, exaltou o governador, é “quase uma folha de pagamento do funcionalismo estadual”. O aumento do caixa vem poucos dias após o governador eleito rebater a “ajuda” oferecida por Hartung em sua gestão, em entrevista à Rádio CBN, dizendo que ele “poderia ter deixado um lastro financeiro maior, sem ansiedade de comprometer o ano de 2019”. É que, ao contrário do que tenta convencer Hartung, as perspectivas não são nada favoráveis para o governo que irá assumir na próxima terça-feira (1º). Em 2015, após vencer a disputa contra Casagrande com o discurso de Estado quebrado, péssimo gestor e irresponsável com as contas públicas, a conhecida tese do “salvador da pátria”, Hartung recebeu quase R$ 2 bilhões, como garante o socialista, que, por sua vez, tinha assumido o governo de continuidade do então aliado com R$ 1 bilhão. Colchão gordo, colchão magro, no discurso desta sexta o governador já tratou de se inserir no governo do sucessor: “preparei o Estado para um novo clico de desenvolvimento”. Quer dizer, o que vier de bom nos próximos quatro anos, será mérito dele. Se “der ruim”, incompetência de Casagrande.
Quem pode, pode
Hartung também aproveitou para dizer que vai fazer uso da escolta policial prevista em lei a ex-governadores, desde 2011. Mas não justificou o motivo de requerer o privilégio. Ele não tem sofrido ameaças, como garantiu.
Homenagem
Ainda nos últimos atos de gestão, o quase ex-governador assinou um decreto que define como “Governador Gerson Camata” a unidade da Escola Viva de São Gabriel da Palha, noroeste do Estado.
Trânsito livre
Por falar em Camata, tanto o velório como o sepultamento dessa quinta-feira (27) conseguiu reunir, no Palácio Anchieta (Vitória) e Cemitério Jardim da Paz (Serra), políticos de diferentes períodos da cena capixaba, de linhas ideológicas antagônicas, aliados e adversários. Prova mais clara não poderia ter de que o ex-governador transitava por todos lados, apesar das divergências que marcam essas relações de poder.
Dá choque
Inclusive, no Palácio, pipocaram comentários de que o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Carlos Gratz, adversário antigo de Hartung, recebeu tantos cumprimentos, que o governador não conseguiu disfarçar o desconforto.
Dá choque II
Outro dia, véspera de Natal, burburinhos da Praia do Canto, em Vitória, sinalizavam que os dois andaram trocando farpas até no meio da rua. Meio mundo pagaria pra ver e ouvir, hein…
Troca-troca
De novo, o eleitorado capixaba, principalmente da Serra, comprou gato por lebre. Elegeu Bruno Lamas (PSB) à Assembleia Legislativa e levou Freitas, do mesmo partido, mas de São Mateus, norte do Estado. Tudo em nome das acomodações de aliados, seja no governo, seja nos legislativos.
Troca-troca II
Nessa mesma onda, Cariacica perdeu Marcelo Santos (PDT) e ganhou Luiz Durão (PDT), de Linhares. Na Câmara Federal, a cadeira alterada foi a de Paulo Foletto (PSB), que caiu no colo do novato Ted Conti (PSB).
Boicote
O deputado federal Helder Salomão, único representa do PT capixaba no Congresso Nacional, não irá participar da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na próxima terça. A decisão é da Nacional, que alega falta de “lisura no processo eleitoral”, critica a proibição da candidatura do ex-presidente Lula, e diz que houve “manipulação criminosa” das redes sociais para difusão de notícias falsas contra Fernando Haddad.
Boicote II
Será a primeira vez que isso ocorre, com adesão também do Psol. O Estado não tem, porém, parlamentares eleitos pelo partido. Nem aqui, nem em Brasília.
PENSAMENTO:
“O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros”. Confúcio