O dia no Centro de Vitória começou com um café da manhã que deu sequência à série de atos reunindo moradores do bairro e diversas entidades na luta contra o fechamento da agência do Banestes localizada na Rua Graciano Neves. Após as falas de denúncia ao microfone, o grupo presente paralisou o trânsito da Avenida Jerônimo Monteiro por 20 minutos buscando chamar atenção do governo e da população sobre os impactos negativos de se fechar a agência.
Bloqueio da avenida durou 20 minutos com tensão com motoristas mas sem incidentes. Fábio Vicentini/ Sindibancários-ES
Uma das preocupações é com o grande número de pessoas da terceira idade que são atendidas no local. “Eu acho uma covardia o que o governo está fazendo, principalmente com os idoso, que são muitos no Centro. Tirar a agência significa nos deslocar para a Praça Oito, onde têm muitos assaltos, trânsito. Todo mundo teria que ir ao banco acompanhado de alguém, o que dificulta muito”, alegou Amélia da Penha Nunes, uma das idosas que participou da manifestação. A agência da Graciano está localizada mais próxima da região central do bairro, o que também diminui a distância a ser percorrida por idosos e demais correntistas.
Sidney Ferreira, presidente da Associação dos Lojistas do Centro de Vitória, também manifestou a preocupação com o impacto do fechamento da agência para o comércio, diminuindo o movimento de pessoas e retirando trabalhadores do entorno, o que vai na contramão das promessa recentes do governo estadual com seu projeto de valorização do Centro com medidas como deslocamento de secretarias e autarquias para o bairro.
Bancário do Banestes e coordenador-geral do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários), Jonas Freire Santana lembra que quando candidato o governador Renato Casagrande (PSB) assim como todos seus adversários eleitorais assinaram um termo de compromisso com a manutenção do banco público estadual, evitando o sucateamento, a terceirização e a privatização. “Para nossa surpresa, o banco ameaça fechar essa agência e ainda terceirizar alguns setores de tecnologia, o que para nós desqualifica o banco e não faz com que cumpra a função pública estadual que precisa cumprir. É uma agência com mais de meio século de existência, com 5,5 mil clientes, além de ser rentável”, critica o sindicalista.
Ele diz que os funcionários da agência da Graciano Neves estão preocupados. Embora o governo tenha garantido que não haverá demissões, eles teriam que ser deslocados. Outra preocupação é que o fechamento de um local que atende a tantos clientes possa sobrecarregar outras agências na hora do atendimento, sobretudo a da Praça Oito, prejudicando a qualidade.
Mais de 4 mil assinaturas contra o fechamento foram obtidas pela campanha. Foto: Fábio Vicentini/ Sindibancários-ES
O atendimento na agência da Graciano Neves é bastante elogiado pelos moradores do bairro, segundo Lino Feletti, presidente da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro). “Estamos indignados com essa decisão porque impõe uma condição não desejada pelos moradores do Centro. Não há uma justificativa satisfatória. A agência é lucrativa, o edifício é próprio e não implica pagar aluguel, os trabalhadores do banco estão satisfeitos. Pelo que conhecemos do funcionamento do mercado a proposta pura e simplesmente para contenção de despesas”, disse Lino, ressaltando que a mobilização dos vizinhos já dura três semanas e coletou mais de 4 mil assinaturas.
Um grupo de representantes seguiu do ato para uma reunião com a diretoria do Banestes para tratar do tema, mas encontrou uma direção irredutível. Os moradores estão buscando agora uma reunião com o Conselho Administrativo do banco e com o governador Renato Casagrande.