Há décadas se fala em revitalização do Centro, o bairro mais importante não só de Vitória, mas de todo aglomerado urbano, de forma especial aqueles que prezam a sua história. Esse parece não ser o caso da nossa cidade, a considerar as ações de gestores que ocuparam os palácios do poder público. O caso mais recente a entrar na volumosa lista da inoperância nesse cenário é o desabamento de uma antiga casa na centenária rua 7 de Setembro.
O estado de abandono dos casarios, prédios públicos, equipamentos e objetos antigos que marcam a história de Vitória comprovadamente não é a característica da atual gestão da cidade, inerte no mesmo rumo das anteriores, situação agravada com o mesmo posicionamento dos governos estadual e federal para com os seus imóveis antigos. As exceções se contam nos dedos.
É como se houvesse à frente uma barreira que os impede de enxergar um palmo adiante, quando se trata da preservação da história. Os exemplos estão bem à mostra. Desde o final da avenida Beira-Mar, onde de fato começa a região central da cidade, até a Vila Rubim, o aspecto de descaso pode ser observado sem qualquer esforço.
Em 2018, foi anunciado com muita pompa que a velha sede do clube Saldanha da Gama, uma das mais belas construções da cidade, seria doada ao Serviço Social do Comércio (Sesc) e transformada em Museu da Colonização. O projeto esbarrou em questões legais e burocráticas e o majestoso casarão, já um pouco desfigurado com intervenções equivocadas, permanece se deteriorando.
Mais adiante, nas avenidas Princesa Isabel e Jerônimo Monteiro, podem ser vistas várias construções antigas e o Mercado da Capixaba, fechado e caindo aos pedaços à espera de uma ação do poder público que ultrapasse a barreira dos compromissos não cumpridos. Em meio a outros imóveis históricos sufocados por placas comerciais e construções modernas, o Centro literalmente desaba e, com ele, parte importante da história da cidade.
A poluição visual encobre a beleza, contribuindo ainda mais para a ausência de uma identidade verdadeiramente capixaba, fundamental para impedir a entrada de elementos estranhos à formação histórica de um povo. Das avenidas, às vielas e ladeias da cidade alta, passando por praças e escadarias, o aspecto de abandono assusta e serve para colocar em questionamento as promessas de campanha da atual gestão pública: depois de quase oito anos, o que foi feito?
Pouquíssima coisa, uma ali, outra acolá. Segue no mesmo compasso de administrações anteriores, que permitiram a destruição de peças importantes nas vizinhanças do Palácio Anchieta e da antiga Assembleia Legislativa, com a construção de monstrengos arquitetônicos, como o Fórum de Vitória, sepultando a memória da cidade. Esse ritmo segue forte em todo o Centro e o desabamento da casa na Rua 7 assim sinaliza e representa mais um grito de socorro.