Hoje começaremos nossas reflexões filosóficas a partir da própria Filosofia.
A Filosofia em si, traz sempre a quebra de paradigmas como ferramenta da construção do saber. Um dos seus mais importantes pilares, a Teoria do Conhecimento ou Gnosiologia, questiona, inclusive, se podemos conhecer, com pelo menos cinco visões: dogmatismo, ceticismo, subjetivismo e relativismo, pragmatismo e criticismo e, se admitindo possível conhecer, questiona ainda qual a sua origem? A própria razão ou a experiência? Tomando por base (Johannes Hessen – Teoria do Conhecimento).
Nosso exercício de hoje será questionar a própria Filosofia. O autoexame. Será que fundamentados em nossa cultura ocidental, podemos considerar sua data de nascimento? – final do século VII e início do século VI antes de Cristo – seu local de nascimento? – Colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto e, mais ainda, tendo um pai? – Tales de Mileto.
Bem, ao bom entendimento da filosofia como “o amor ao saber”, “a inquietação”, “o espanto”, “o ultrapassar a opinião irrefletida do senso comum, se libertar da realidade empírica e das aparências sensíveis” e tantas outras similares definições, em que eu me atreveria a afirma-la, de forma pragmática, como a capacidade humana de compreender a si e as coisas do mundo, protagonizar sua vida e a construção do seu próprio mundo na possibilidade de construiralcançar sua felicidade.
Gosto da ideia de que a filosofia nasceu com o nascimento do homo sapiens. Até mesmo para os criacionistas, quando foi criado o primeiro homem – Adão – e lhe foi oferecido a vida eterna, a saúde eterna, alegria eterna, etc., etc., desde que ele não comesse do fruto do conhecimento e ele preferiu comer o fruto.
Assim, seja com a possibilidade ou não e, sabendo ou não como acontece, o homem é o filósofo, buscador, inconformado. Naturalmente uns mais, outros menos, mas todos, de alguma forma e com alguma intensidade, estamos nessa caminhada ao conhecimento.
A filosofia é inerente à inquietude humana, a essa nossa necessidade de compreensão, de assimilação, de aceitação das coisas, do funcionamento da vida, dos fatos, acasos, etc. e que, melhor, termina por abrir cada vez mais perguntas e dúvidas, diante de tanta limitação. Não conseguimos conhecer, dominar, não temos controle de nossas vidas e estamos sempre a mercê de forças que desconhecemos como o acaso, os acidentes e as necessidades.
Mesmo a considerar a atual “dona da verdade” a ciência, sabemos que esta é limitada a essa nossa capacidade de conhecimento, que a todo momento é colocada em cheque, seja nos milagres tão comuns na medicina, no macro ou micro cosmo que não alcançamos, nas respostas da natureza à nossa observação e na ilusão dos nossos sentidos.
Contudo ainda é aí que identificamos toda a sua beleza, de não trazer respostas e nem segurança, mas dúvida, inquietação e necessidade de busca.
Filosofia é vida e, vida inteligente… Só com Filosofia.