“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
A declaração do escritor e filósofo italiano Umberto Eco, falecido em 2016, me vem à mente nesses tempos de obscurantismo, cenário propício para a expansão de todo tipo de brutalidade, na qual o ser humano não é levado em conta.
Em meio à tragédia provocada pelas chuvas no Espírito Santo e Minas Gerais, com seus mortos e desabrigados, choro, desespero e enormes prejuízos materiais, surge um bando de imbecis e disseminar notícias falsas, contribuindo, com suas ações, para tornar o drama ainda mais pesado.
As fake news disparadas em redes sociais buscam dificultar as ações do governo do Estado, e, em consequência, retardam o socorro prestado aos atingidos pelas chuvas, em mais uma demonstração de mau uso da internet. Abre-se, com essa nova era, um cenário para a mentira, sendo a eleição de Jair Bolsonaro a maior demonstração dessa afirmativa.
O jornalista britânico Matthew D’Ancona, em seu livro “Pós-Verdade, a nova guerra contra os fatos em tempos de fake news”, afirma: “A pós-verdade é diferenciada de uma longa tradição de mentiras políticas, mostrando o poder das novas tecnologias e das mídias sociais de manipularem, polarizarem e enraizarem opiniões”.
Não há como fugir desse contexto, gerando uma luta diária contra a mentira, uma vez que fatos distorcidos estão arraigados em multidões de pessoas que se dizem patriotas, cristãos, pessoas de bem, mas carregam no seu interior um fardo pesado.
Nele cabem maldades, como as fake news disseminadas para dificultar as ações do governo em socorro aos desabrigados pelas chuvas, e uma infinidade de bobagens, fruto da desinformação que vem acoplada às notícias falsas.
Não fosse assim, como explicar a frase “…o homem (Bolsonaro) agora fechou a torneira, acabou o roubo, a corrupção, o Brasil mudou, as coisas estão melhorando..”, que ouvi no meio de uma conversa sobre política partidária?
Surpreso, ainda mais porque o desinformado intrometera-se num bate-papo do qual ele não fazia parte, retruquei e passei a mostrar-lhe a infinidade de ações nocivas ao Brasil e à sociedade brasileira do atual governo e citei o miliciano Queiroz e suas relações com a família presidencial.
O cidadão, resmungando baixinho “então, não tem mais jeito ”, tomou o seu rumo. Certamente, como tantos outros milhares, nem saber para onde ir.