Decretação de luto popular, celebração inter-religiosa e lançamento do edital de construção de um monumento em memória aos mortos durante a greve e intervenções artísticas e de entidades da luta por diretos humanos. Essa é a programação do ato que será realizado na praça Costa Pereira, na próxima terça-feira (4), a partir das 17 horas, para marcar os três anos da greve da Polícia Militar, em 2017, que resultou em mais de 200 mortes e na maior crise de segurança pública no Estado.
“Foram 22 dias de aprofundamento do processo de extermínio da juventude negra e periférica, que novamente foram os alvos preferenciais dos disparos de arma de fogo. Passados três anos da greve, muitas famílias ainda buscam por respostas e justiça”, lamenta o texto do convite distribuído nesta quinta-feira (30) pelo Círculo Palmarino, Fórum Capixaba de Lutas Sociais, Fórum Igrejas e Sociedade em Ação e Movimento Nacional de Direitos Humanos, organizadores do evento.
Eles apontam que “diversos inquéritos foram arquivados sem o indiciamento dos eventuais autores. Além disso, o Governo do Estado não desenvolveu nenhuma medida para reparar os danos causados aos familiares e evitar que outras famílias estejam desamparadas diante da perda violenta de seus entes queridos”.
A ocupação da praça, segundo os organizadores, visa a luta por justiça, para não deixar que “esse trágico momento da história do Espírito Santo caia no esquecimento, sem que qualquer medida reparatória seja adotada”.
No ano passado, integrantes do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) realizaram, no dia quatro de fevereiro, um protesto cobrando do Governo do Estado respostas sobre as mais de 200 mortes registradas durante a greve da Polícia Militar realizada no mesmo mês, em 2017.
Até aquela época, dois anos depois, boa parte dos inquéritos seguia em passos lentos, não apontando autoria dos crimes e/ou responsáveis pelos assassinatos. Os ativistas realizaram o ato na escadaria da Assembleia Legislativa, onde dispuseram uma série de cruzes pretas como forma de lembrar as vítimas.
O Fejunes apontou, na ocasião, que “foram mais de 200 corpos caídos no chão e, segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], 80% de negros. Foi o verdadeiro extermínio dos jovens negros assassinados e decretado pelo nosso Estado. É preciso reivindicar essas mortes. Chega de assinar nosso decreto de morte, precisamos e queremos viver. Parem de nos matar!”.