O título deste western faz muito mais sentido no original em inglês do que a estranha tradução brasileira matar ou morrer. Na língua inglesa High Noon significa tanto o horário do meio-dia quanto um confronto decisivo, é exatamente este último o mote principal do filme.
Quem lê a sinopse da Netflix pode pensar que se trata de mais um faroeste banal, repleto de clichês, e na aparência superficial é mesmo, não fosse pela personalidade do protagonista. A história começa no último dia de trabalho do xerife. Ele acaba de se casar com a mocinha e já deu baixa no serviço, a carroça já está esperando, quando um morador anuncia que o facínora preso cinco anos antes pelo mesmo xerife voltou à cidade, dessa vez com capangas.
No seu último dia o xerife já não deve mais nada a ninguém, ele só precisa procurar uma casa para viver tranquilamente com a esposa e segue seu caminho, mas no início do percurso, sente o peso da consciência porque sabe que o novo xerife só chegará amanhã e resolve voltar, contrariando a esposa. Chegando na cidadezinha, o xerife pede ajuda aos moradores, mas ninguém se dispõe a ajudá-lo, nem mesmo seus amigos, e, para piorar ainda mais a situação, alguns cidadãos são amigos do facínora.
Não vou contar o final, mas já adianto que é engenhoso e inusitado. Uma história banal bem contada pode gerar um resultado interessante. Apesar da previsibilidade aparente, no final não sabemos se a cidadezinha ficaria melhor sem o xerife. A reação com a chegada dos bandidos foi mista, alguns pegaram o primeiro trem para o mais longe possível, outros ficaram para assistir o tiroteio e alguns até gostavam mais da época em que os bandidos estavam soltos.
Este filme gerou polêmica em especial devido ao dilema do heroísmo ou falta dele. O xerife tomou a decisão certa ao voltar ou como recém-casado deveria ter escutado a esposa, que diante da situação podia virar viúva? Não é à toa que o filme dividiu opiniões. Cabe ao espectador descobrir por si mesmo qual lado está com a razão.
