Após denúncia de usuários do serviço vinculada por este Século Diário, a Câmara de Vitória, por meio da Comissão de Saúde, convocou a secretária de Saúde do município, Cátia Lisboa, para prestar esclarecimentos sobre a falta de médicos infectologistas para atender no Centro de Referência em DST/AIDS, localizado no bairro Parque Moscoso.
O local atende cerca de duas mil pessoas com HIV+ ou doenças sexualmente transmissíveis, mas está com falta de médico especialista desde dezembro do ano passado, após férias e aposentadoria da única infectologista que atendia no local, fazendo acompanhamento e receituário dos pacientes.
Na avaliação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+), seriam necessários ao menos quatro médicos para atender à demanda existente por conta do número de pacientes.
Apesar dos alertas da entidade desde o início do ano passado, a prefeitura não evitou que se chegasse à situação limite de falta de médico especializado. Atualmente apenas uma ginecologista vem atendendo, cumprindo também a função emergencial de escrever as receitas para quem necessita de remédios especiais, mas o atendimento e acompanhamento estão comprometidos, consideram alguns usuários que não puderam marcar suas consultas periódicas.
A convocação da secretária de Saúde foi aprovada pelos vereadores Roberto Martins (PTB) e Davi Esmael (PSB), integrantes da Comissão de Saúde da Câmara. No requerimento foram dadas as opções para que Cátia Lisboa se apresente para prestar esclarecimentos aos vereadores no dia 17 ou dia 20 de fevereiro, às 15h.
Um concurso foi realizado no final do ano passado, porém a previsão de chamada é para abril de 2020. Após a denúncia, a expectativa é de que nesta sexta-feira (14) sejam apresentados novos médicos provisórios, sendo dois plantonistas e um diarista.
Sidney Parreiras de Oliveira, representante da RNP+ no Espírito Santo, garante que o movimento vai seguir atento e fiscalizar se haverá mesmo início imediato do trabalho dos novos médicos. Outra preocupação é se os médicos concursados irão de fato assumir a designação a partir de abril. “Sete infectologistas foram aprovados, mas é preciso ver se vão querer mesmo assumir a vaga por conta do salário e sem maiores atrativos”, alerta sobre a necessidade de melhorar as atuais condições oferecidas aos profissionais, que têm provocado evasões.
“Vitória tem condições de zerar o número de infecções de HIV, mas tem que ter uma boa política, fazer bonito, e não mascarar um serviço que não existe”, completa Sidney.