Fotos: Thai Amorim
Quando teve o primeiro filho, Thaise Amorim optou por cesariana. Em 2017, de forma amadora, ela fotografou o parto natural de uma amiga. “Me apaixonei por esse universo do nascimento. Pelo parto, pela fotografia e pelos dois juntos”, conta. A fotografia, que era um hobby feito com máquina semi-profissional para registrar as viagens da família, passou a ganhar outro sentido.
No ano seguinte, Thai, como é chamada, teve seu segundo bebê, uma menina, por meio de parto normal humanizado, registrado por uma amiga, que também não era fotógrafa profissional. “Fiquei encantada de poder reviver aquele meu momento, tão único e intenso… Então, naquele exato momento, eu decidi que queria proporcionar a outras famílias essa memória, através da fotografia”.
Meses depois, tendo fotografado apenas dois partos, ela teve uma de suas fotos selecionada na 11ª temporada do concurso internacional Outstanding Maternity Awards, que premia fotografias que falem sobre a maternidade.
Moradora de Vila Velha e tendo formação técnica em Meio Ambiente e superior em Turismo, Thai seguiu se preparando na fotografia e desde o ano passado tem atuado de forma profissional no registro de partos, que exigem uma série de cuidados especiais. “O cenário do parto requer discrição, paciência, respeito e muito amor. O mínimo de interferência possível, por parte do fotógrafo”, explica. Por isso, ela não utiliza flash e se posiciona onde o cenário permite, sem opinar no que acontece na sala de parto ou centro cirúrgico. Por mês realiza no máximo quatro trabalhos de fotografia de parto.
Obviamente, o trabalho começa muito antes do momento do nascimento, no diálogo com os clientes para tratar dos detalhes contratuais, mas também para estabelecer vínculos de confiança, já que o parto é um momento muito íntimo do casal, da família e especialmente da mulher.
A paixão pela fotografia cresceu junto com a convicção da importância do parto humanizado, que ela explica que pode ser natural ou por cesárea, desde que haja respeito e protagonismo da mulher. A questão tem avançado, ainda que timidamente nos últimos tempos, sobretudo por meio das lutas e reivindicações da mulheres. “Por muitos anos as mulheres foram vítimas de violência obstétrica, e a humanização do parto veio para mudar essa estatística. Ainda estamos longe do ideal, mas, os primeiros passos já estão acontecendo”, considera Thai Amorim. Ela entende que embora não seja regra, a fotografia e a presença de um fotógrafo na sala de parto pode por vezes inibir alguma interferência indesejada.
Thai entende a arte como uma forma de expressão do ser humano, na qual expõe suas emoções e sua história, que pode ser representada de várias formas. A fotografia é uma delas. “E a fotografia documental de parto, é exatamente isso, uma forma de contar a história do outro, através de um olhar sensível e atento. E nesse caso em particular, sem cenário ou direção de cena. Costuma dizer que é uma história da vida real”.