“A homeopatia tem sido objeto de encantamento, porém tem profunda base científica, e não cabe falas de ‘milagreira’ ou ‘maravilhosa’. A Homeopatia é tão concreta como a matemática. Está na Humanidade desde 1796”. A fala enfática é do professor Vicente Wagner Dias Casali, do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e coordenador do Programa de Extensão “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da Produção de Alimentos Saudáveis”, que organiza, há 17 anos, o Encontro Estadual de Plantas Medicinais e Qualidade de Vida, realizado de 22 a 24 de fevereiro em Iúna, região do Caparaó.
“Penso, e vários autores têm falado, que a Medicina oficial demanda complementação tal como o SUS [Sistema Único de Saúde] já está fazendo. Veja lá a quantidade de terapias integrativas oficialmente aceitas pelo ministério da saúde”, afirma, referindo-se às 29 atualmente em vigor no Brasil: Apiterapia, Aromaterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Bioenergética, Constelação familiar, Cromoterapia, Dança circular, Geoterapia, Hipnoterapia, Homeopatia, Imposição de mãos, Medicina antroposófica/Antroposofia aplicada à saúde, Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Ozonioterapia, Plantas Medicinais/Fitoterapia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa, Terapia de florais, Termalismo social/Crenoterapia e Yoga”.
Seu profundo conhecimento das plantas medicinais e homeopatia, ao longo de décadas de pesquisas, o colocam entre as principais referências sobre o assunto no país. E é ele um dos principais idealizadores e organizadores dos encontros sobre plantas medicinais e qualidade de vida que acontecem há 17 anos no Espírito Santo, em diferentes localidades, sempre no feriado de Carnaval.
A ideia, conta o mestre, surgiu na Pastoral da Saúde de Ecoporanga, no noroeste do Estado. “Minas Gerais já havia feito 10 encontros anuais e os capixabas viajavam muito para participar. A ideia do Carnaval foi aproveitar três dias de palestras e oficinas. Tem sido sucesso no Carnaval, as pessoas aproveitarem o tempo com algo construtivo”, explana.
A Homeopatia é quântica
Membro da comissão organizadora do evento, a terapeuta Ana Cecilia da Silva é professora de Homeopatia no Caparaó capixaba, pelo programa de extensão coordenado por Casali. Seus cursos têm formado dezenas de homeopatas no Estado e é com paixão que ela fala dos benefícios dessa ciência. “Nós não escolhemos a homeopatia, é ela que nos escolhe. A homeopatia é quântica”, poetiza.
“A homeopatia deve ser tratada de acordo com a expansão da consciência de cada um. Essa expansão da consciência nos é mostrada pelo coração, assim como Jesus e Maria nos apontavam para o coração como sendo o centro maior do nosso ‘computador’. Nós somos cheios de arquivos. Eu acho que é dessa forma que nós devemos entende-la: deletando arquivos que não servem e dando lugar aos que servem”, metaforiza.
O início de sua trajetória na Homeopatia, conta, foi por meio das plantas medicinais. “Observei que todas as plantas tinham princípios ativos que precisavam ser ativados. E essa ativação é muito bem feita pela homeopatia, através da dinamização”, explica, reafirmando a dimensão quântica, pois quanto mais dinamizada a matéria-prima utilizada como base para o medicamento homeopático, mais potente ele é. E o processo de dinamização faz uma espécie de diluição da matéria utilizada – planta, animal, mineral – tornando-o mais energia do que matéria. “A Homeopatia não é feita nos moldes químicos. Ela obedece às sete leis herméticas da Física Quântica. Ela é matéria e energia e tudo que é energia é quântico”, diz.
Assentada na experiência prática, nas intuições místicas e na ciência quântica, Ana também dialoga com os ensinamentos bíblicos para entender seu trabalho de educação e cura através da Homeopatia: “Moisés quando tinha que dar água a uma multidão, ele só tinha um lago de água amarga, então jogou seu cajado no lago e a água tornou-se doce. É um princípio da Homeopatia. O semelhante curando o semelhante. O cajado de Moisés era feito de pau amargo”, cita.
Interação com a comunidade
No Espírito Santo, os 17 encontros já foram realizados nos municípios de Ecoporanga (2004); Irupi (2005); Nova Almeida (2006); Águia Branca (2007); Jaguaré (2008); Alfredo Chaves (2009); Santa Teresa (2010); Alto Rio Novo (2011); Baixo Guandu (2012); Muqui (2013); Guaçuí (2014); Colatina (2015); Serra (2016); Barra de São Francisco (2017); Venda Nova do Imigrante (2018); Afonso Cláudio (2019); e Iúna (2020).
Faz parte da proposta do Encontro vivenciar a alimentação vegetariana e simples, com hospedagem adaptada ao espaço físico do local, explicam os organizadores no folder de divulgação. “Venha preparada para a simplicidade do evento”, destacam.
Cabe à comissão local organizar o local das palestras e oficinas, a cozinha e as higienizações, além de receber as inscrições que cobrem as despesas da cozinha e dos palestrantes. “Se sobrar dinheiro, é feita doação a alguma instituição local, como creche ou asilo”, explica Casali.
“A persistência no trabalho é devido à receptividade dos capixabas, ao interesse em aumentar o conhecimento e à busca por soluções simples de problemas comuns na saúde”, observa. “Em 2021 vamos realizar o 18º em algum lugar”, convida.