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Aldeia indígena de Aracruz concorre a prêmio nacional para reflorestamento

Um projeto de reflorestamento para a aldeia guarani Kaagui Porã, em Aracruz, é uma das 100 iniciativas pré-selecionadas pelo Movimento Bem Maior, que vai contemplar 50 projetos de coletivos e organizações sociais com contribuições de até R$ 100 mil. Ao todo foram mais de 2 mil inscrições. A seleção final está sendo feita por meio de votação popular no site do movimento.

Nomeada como Ka'agwy Porã (Nova Esperança), a aldeia é uma das mais afastadas das regiões urbanas da cidade de Aracruz. O local de ocupação tradicional indígena havia sido apropriado por décadas para plantio de monocultivo de eucalipto pela então Aracruz Celulose (posteriormente Fibria e agora com o nome de Suzano). Após a intensa luta unificada de tupinikins e guarani, a terra foi demarcada como indígena em 2010. 

Porém, o local foi entregue em forma de terra arrasada: os eucaliptos foram cortados e levados pela empresa, deixando apenas seus tocos e um solo desgastado por décadas de monocultivo, à exceção de dois fragmentos de mata ainda preservada e de rios, lagos e nascentes. Depois de um tempo de descanso para a terra degradada, o local voltou a ser ocupado, com novos moradores e alguns plantios. Por meio do projeto FlorestAção, a nascente da região foi recuperada e consegue abastecer os moradores, além de já terem sido realizados projetos de plantios nos quintais das casas e também implantação de agrofloresta.

Entretanto ainda falta muito por fazer na área, entre elas a construção de um corredor ecológico para ligar as duas áreas de mata que dão refúgio aos animais. “Estamos esperançosos de receber esse apoio. Não temos recursos suficientes para a gente trabalhar. A gente agradeceria muito se fosse quem sabe contemplado”, diz o cacique Marcelo Guarani (Werá Djekupé) no vídeo de apresentação do projeto, em que aparece ao lado de sua mãe Tereza Oliveira (Djatxuka Mirim) e se despede com um “aguyjevete”, que significa “gratidão” em guarani.

O projeto inscrito representaria uma terceira etapa do FlorestAção. “O primeiro projeto, foi mais focado nas roças de subsistência e isso contribuiu muito para a fixação dos primeiros moradores. Na segunda, estamos incrementando os cultivos de quintais”, conta Raquel Lucena, uma das colaboradoras. Se conseguir ser contemplado pelo Movimento Bem Maior, o projeto, proposto pela Associação Indígena Guarani Mboapy Pindó, pretende executar mais uma etapa de reflorestamento com o objetivo de restaurar outras nascentes e realizar por meio de técnicas de nucleação o plantio e acompanhamento do crescimento das mudas em uma área não contínua de quatro hectares. As primeiras experiências do FlorestAção foram registradas num dos capítulos do livro Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil, publicado pela Embrapa este ano.

O Espírito Santo ainda conta com outro participante na final da seleção do Movimento Bem Maior. É o projeto Odontoativa, que prevê o atendimento odontológico a crianças nas escolas proposto pela Rochativa – Associação de Atividades Sociais do Setor de Rochas Ornamentais do Espírito Santo. 

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