Um delegação capixaba parte nesta terça-feira (9) com um ônibus e dois micro-ônibus para Brasília para participar do 57º Comune, o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), mais importante encontro estudantil do país. Uma das integrantes da delegação é a estudante Isabella Mamedi, ex-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que integra a primeira candidatura coletiva à presidência da entidade, composta por seis mulheres de diferentes partes do país.
O congresso acontece a cada dois anos e este será o primeiro realizado no governo de Jair Bolsonaro. “Definimos em nossa tese que nessa conjuntura temos que fazer uma chapa para representar a juventude popular, feminista, LGBT, negra, com capacidade de estar nas bases. Por isso pensamos numa candidatura coletiva”, diz Isabella, que compõe a “Juventude Sem Medo – Ocupar as ruas, semear o futuro”, uma das 21 teses dos diferentes campos do movimento estudantil enviadas ao congresso.
Integrante das Brigadas Populares e do Coletivo Camará, ela demarca a chapa da qual faz parte no campo da oposição de esquerda da UNE. Desde a sua reativação em 1979, a maioria das gestões de organização estudantil têm tido à frente a juventude do PCdoB, articulada por meio da União da Juventude Socialista (UJS).
Isabella critica a posição que a UNE assumiu durante os governos petistas, que considera “muito pragmática, de conciliação e sem um caráter de lutar pelos interesses da classe trabalhadora”. Entretanto, reconhece a importância e legitimidade da entidade na organização dos estudantes. Ela diz que o momento pede unidade mesmo diante das divergências. “Mas não pode ser uma unidade vazia, tem que ser uma unidade de ação diante das tarefas da conjuntura atual. Não dá para construir unidade sem crítica e rearranjo das política feita nos últimos anos dentro da entidade”, questiona.
O Conume acontece em momento de grande tensão em Brasília diante da votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. No dia 12, os estudantes participantes do congresso saem às ruas na passeata que terá como lema: “Não matem nosso futuro: educação, desemprego e aposentadoria”.