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‘O grande encontro’

Discursos de unificação de grupos políticos adversários, diretas e indiretas, palanque próprio e disputa por paternidades de obras. Foi por aí o tom do evento realizado na Serra nesta segunda-feira (5), que reuniu o governador Renato Casagrande, o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), além de lideranças em peso do município. O encontro retomou dois convênios de Paulo Hartung cancelados pela atual gestão e motivos de polêmicas, nestes casos, destinados à aquisição de equipamentos para o Hospital Materno Infantil da Serra e obras de recuperação da ciclovia e urbanização da Avenida Talma Rodrigues Ribeiro. O assunto, que chegou a render ruídos entre Casagrande e o prefeito, foi puxado pelo governador, que defendeu a “unificação apesar das diferenças políticas e em respeito à população”, referindo-se não só ao seu principal adversário como aos grupos de Audifax e Vidigal, que duelam há anos na Serra. O prefeito, por sua vez, fez a linha “paz e amor” e se dirigiu a Vidigal para dizer também de sua contribuição para a mudança do município, assim como da sua mulher e ex-deputada federal Sueli Vidigal (PDT). Mas estava, nas entrelinhas, rebatendo o discurso do deputado e ex-prefeito, que reivindica para si e para Sueli a paternidade/maternidade do hospital. Vidigal publicou em suas redes sociais um vídeo sobre os recursos que alega ter garantido e que, agora, Audifax leva o bônus. Para completar os atores políticos que disputam território na Serra, todos em campo para as eleições de 2020, só faltou mesmo o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB), que foi convidado, mas se recusou, porque os “convênios são de Hartung”. 

Dono da caneta

A polêmica dos convênios começou ainda no final do mandato de Hartung e foi parar no Tribunal de Contas (TCE), com decisão favorável a Casagrande em janeiro deste ano. Nesta segunda, o governador repetiu que a medida foi de “cautela diante das incertezas do mercado econômico” e disse que já assinou quatro deles, restando apenas um, o que fará no próximo mês (reurbanização na Avenida José Moreira Martins Rato).

Dono da caneta II

Na época, dois prefeitos deram trabalho e ser negaram a devolver os recursos: exatamente Audifax e o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (MDB), ambos ligados a Hartung. Só o fizeram depois do governo ameaçar tornar os municípios inadimplentes e cancelar os convênios de vez. O prefeito da Serra, àquela altura, já havia sido anunciado como candidato ao Palácio Anchieta em 2022, contra Casagrande. Mas o próprio ex-governador parece ter desistido do projeto.

Não tem tu…

Até porque, a situação política futura de Audifax não é fácil. Sem um sucessor ainda pra chamar de seu, o mercado comenta há meses que restará a ele ser cabo eleitoral do secretário de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Bruno Lamas (PSB). A foto oficial do governo do Estado (acima, no destaque), aliás, coloca na linha de frente os três: Lamas, Casagrande e Audifax. Já Vidigal, também cotado para a disputa…

Cobrança

…está lá atrás, com cara de poucos amigos. A mesma que apareceu nos diversos vídeos publicados nas redes sociais sobre o evento desta segunda. Em um texto no seu Facebook, ele diz que o Hospital Materno Infantil da Serra foi idealizado e projetado em sua gestão como prefeito, mas “infelizmente só hoje fui convidado pelo governador Renato Casagrande a visitar essa obra tão importante para a nossa cidade”.

Outro lado

No caso da ausência de Vandinho, também considerado candidato em 2020 na Serra, delimita ainda mais sua atuação como oposição ao governo Casagrande, como já vem se posicionando na Assembleia. 

Vitrine

O também deputado e correligionário de Audifax, o novato Alexandre Xambinho, mais um cotado para a disputa à sucessão, pelo contrário, não perdeu os holofotes. Ele foi citado pelo prefeito e Casagrande, junto com Bruno Lamas (deputado licenciado), pela “importante contribuição ao município”.

Negociação interna

Mais um registro sintomático do evento foi a saudação de Audifax aos políticos presentes, incluindo o presidente da Câmara da Serra, Rodrigo Caldeira (Rede). Apesar de integrarem o mesmo partido, os dois trocaram acusações mútuas nos últimos tempos, que culminaram com abertura de investigações contra o prefeito na Casa, que reagiu falando de crime organizado no legislativo municipal. A guerra acabou mesmo, hein?! 

Democracia?

Pra lá de necessária a reação do deputado estadual Sergio Majeski (PSB) à declaração do procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, ao jornal A Tribuna desse domingo (4), ainda sobre a polêmica da criação dos 307 cargos comissionados no MPES. Eder disse que Majeski “extrapolou seu papel e isso será avaliado num momento oportuno”. “Ameaça, coação e intimidação”, disparou o deputado. Apesar de ocupar uma função pública, Eder não admite, mesmo, ser criticado.

Democracia II?

Está certo o deputado quando diz que o procurador-geral de Justiça falar isso é muito sério e motivo de preocupação. Com um detalhe a mais: salve uma pequena diferença ali ou acolá, não é a primeira vez.

PENSAMENTO:

“A política é como a esfinge da fábula: devora todos que lhe não decifram os enigmas”. Antoine Rivarol

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