“Viajamos para visitar Machu Picchu ou Atenas mas não nos damos conta que temos um patrimônio preciosos escondido sob nossos pés”, diz a socióloga Diovani Favoreto, da comissão organizadora do II Encontro Capixaba de Arqueologia (Enca), que será realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), de 13 a 15 de agosto. Grandes nomes da arqueologia estarão presentes para discutir questões nacionais e locais em evento gratuito com foco no público de profissionais da área e estudantes em geral.
Foto: Dionne Azevedo
Um dos debates importantes vai abordar a expansão urbana e industrial brasileira nos últimos anos e o impacto ao patrimônio cultural, tema especialmente sensível ao estado do Espírito Santo onde grandes empreendimentos foram e continuam sendo construídos sobre territórios com riquezas arqueológicas. “A pesquisa arqueológica é um pré-requisito para a maioria dos licenciamentos ambientais que acontecem em empreendimentos de médio e grande porte, então as pesquisas são desenvolvidas de forma constante por aqui. Normalmente ficam resumidas a relatórios entregues aos órgãos responsáveis”, diz Diovani.
A intenção do evento é justamente publicizar e tornar acessível o que vem sendo encontrado e pesquisado no Espírito Santo. “Existe um grupo de pesquisa que tenta produzir informação a partir desses dados coletados, mas não existem escavações financiadas pela universidade”, diz ela sobre a área acadêmica. Não há cursos de graduação ou pós-graduação na área, embora o Ifes ofereça cursos na área, voltados mais para educação do que para formação de técnicos arqueólogos.
No Enca, serão abordados diferentes áreas da arqueologia, desde o período pré-colonial, passando pela perspectiva indígena, educação patrimonial, até a arqueologia histórica depois da chegada dos portugueses. “Há vários sítios arqueológicos onde as pessoas nem imaginam”, diz Diovani, citando Vitória, Cariacica, São Mateus, Conceição da Barra, como lugares com forte presença do ser humano pré-colonial. A Gruta do Limoeiro, em Castelo, é um dos locais mais conhecidos pelos importantes achados.
Linhares também figura como um grande sítio arqueológico, e vai ter destaque no evento, mostrando bons exemplos de experiências que deram certo em aproximar técnicos das comunidades impactadas, já que na maioria das vezes as comunidades pouco entendem sobre a importância do patrimônio histórico e arqueológico e formas de sua preservação.
Foto: Dionne Azevedo
Para debater outras perspectivas sobre a história indígena, estará presente Jocelino Tupinikim, da comunidade indígena de Caieiras Velhas, em Aracruz, onde desenvolve diversas atividades culturais. Ele estará na mesa com o professor Jorge Eremites (Ufpel) e a professora Tatiana de Oliveira (UFPI), que estuda as desapropriações de terras indígenas em favor de imigrantes.
SERVIÇO
II Encontro Capixaba de Arqueologia (II Enca)
Quando: 13 a 15 de agosto
Onde: Auditório CCHN/Ufes- Campus Goiabeiras – Vitória/ES
Inscrições gratuitas: https://www.even3.com.br/IIENCA
Informações: [email protected]
PROGRAMAÇÃO
13 de agosto – 14:00h às 21:30h
Mesa 1 – A expansão urbana e industrial brasileira nos últimos anos e o impacto ao
patrimônio cultural
Mesa 2 – Outras Perspectivas sobre a história indígena
14 de agosto – 14:00h às 19:30h
Mesa 3 – Debate sobre Arqueologia pré-colonial do Sudeste
Mesa 4 – Desafios da Educação Patrimonial Arqueológica
15 de agosto – 14:00h às 19:30h
Mesa 5 – Resultados de pesquisas arqueológicas desenvolvidas no Espírito Santo
Mesa 6 – Debates sobre a Cerâmica de Contato/Neobrasileira/Regional