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Artistas negras capixabas protagonizam websérie Revejo

Mulheres negras artistas de diversas linguagens e idades compõem o mosaico da websérie Revejo, lançado recentemente no canal do YouTube pela cineasta Láisa Freitas. São 12 episódios curtos, com duração entre 1 e 3 minutos com depoimentos individuais de cada entrevistada, além de uma episódio especial de 20 minutos em que as questões são pensadas de forma coletiva. Esses “drops”, vídeos curtos, buscam também servir como disparadores para debates em espaços educacionais para pensar as relações étnicorraciais e o combate ao racismo.

Foto: Divulgação

Novos episódios vão ao ar às segundas e quintas-feiras, sempre às 17h. As mulheres que participam das filmagens foram encontradas por meio da indicação de algumas outras que já havia sido convidadas para o projeto. Há uma diversidade geracional e também de talentos: cineastas, fotógrafas, atrizes, cantoras, poetas, costureiras. “Cada uma nasceu em um momento diferente e carrega histórias e reflexões distintas. Algumas experiências se cruzam, outras se complementam”, analisa Láisa.

Foi na busca de entender a própria negritude diante da complexidade racial brasileira que ela percebeu a amplitude do tema que é a experiência da negritude. Participou do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), do programa de rádio Afrodiáspora e do Cineclube Teresa de Benguela, todos focados na discussão da questão racial, que contribuíram para sua formação política, acadêmica e cidadã que fizeram resultar neste tema.

O projeto é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso de Cinema e Audiovisual na Ufes e foi lançado de forma independente e sem fins comerciais, sendo realizado e finalizado de forma colaborativa. “Surge de uma questão que é compreender a ferida da miscigenação no Brasil. Sabemos, segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], que a população negra é maioria no País. Entretanto, as telas do cinema brasileiro não representam a realidade, basta conferirmos as pesquisas do instituto Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa [GEMAA]”.

Ela considera que Revejo não é um projeto sobre tornar-se negra, pois há inúmeras narrativas possíveis para pensar a identidade. Tampouco busca dar conta de apresentar todas as experiências de negritude, o que seria impossível. “A proposta da websérie é a de contemplar a si mesma enquanto mulher negra. Carrega a ideia de tornar a ver-se de forma contemplativa. Existe muita beleza na experiência da negritude e as mulheres negras carregam histórias que precisam ser compartilhadas e admiradas, é por isso, o projeto carrega a frase tema 'Você já se contemplou hoje?', como um movimento íntimo-coletivo”, conta a diretora. Daí o nome do projeto.

E você, já se contemplou hoje?

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