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Estudantes da Ufes buscam alternativas para evitar evasão diante dos cortes

Estudantes, professores e técnicos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) criaram uma comissão independente para avaliar possíveis alternativas para evitar o corte de mais de mil bolsas anunciado pelo governo federal no início de setembro. A preocupação é que a medida atinja especialmente os alunos mais carentes e aumente a evasão diante das dificuldades de se manter na instituição.

“A universidade tem dinheiro, mas não tem orçamento. Tem contratos com empresas como Petrobras e Vale, arrecada, mas esse dinheiro vai diretamente para o governo federal. Estamos buscando formas legais para modificar isso, para que possa dispor desse recurso”, aponta como algumas das possibilidades o estudante João Victor Santos, que integra a comissão.

A revisão de contratos que a universidade possui de serviços terceirizados, como Segurança e Restaurante Universitário, também é apontada como uma possibilidade que poderia ajudar na economia e realocação dos recursos. Outra seria conseguir apoio por meio de sindicatos para cobrir custos das bolsas ao menos até o final do ano.

A comissão foi fruto de algumas reuniões e manifestações convocadas a partir do grupo de bolsistas prejudicados pela medida. A Ufes alegou “pesar e indignação” ao anunciar o corte de mais de mil bolsas do Programa Integrado de Bolsa (PIB), que apoiava bolsistas na área administrativa, de pesquisa, ensino e extensão, reafirmando o PIB como uma política exitosa e fundamental para a permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade social, classificando a decisão como uma 'medida extrema”.

A situação é fruto da tentativa deliberada de estrangulamento das universidades federais pelo governo federal por meio de cortes e contenção de recursos que estavam previstos para o orçamentos da entidades em 2019.

“A Administração Central afirma que não houve outra alternativa, tendo em vista que não há garantias quanto à execução orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional e sobre o qual a Universidade fez seu planejamento para o ano de 2019”, alegou a reitoria em nota, afirmando que estaria empenhada em renegociar a recomposição do orçamento da universidade com o governo federal para retomar o programa de bolsas.

João Victor Santos questiona que a nota foi a única manifestação da administração da Ufes, que não buscou informar os bolsistas sobre a situação da universidade ou buscar alternativas.”A nota foi uma carta de demissão para os bolsistas dizendo que simplesmente não tem com pagar. Aí muitos bolsistas que estavam contando com esse dinheiro para o mês de um dia para o outro ficou sabendo que não teria mais”, aponta o estudante.

“Esta medida não afeta o pagamento dos auxílios estudantis concedidos aos estudantes beneficiados pelo Programa de Assistência Estudantil da Ufes (Proaes)”, seguiu a nota. Porém, esta situação não se confirma. A estudante Larissa Evelyn aponta o descumprimento do auxílio creche, que recebia por conta de seu filho e ajudava nas despesas. No semestre passado, o auxílio não foi pago mensalmente, sendo depositado apenas ao final do semestre. No novo semestre, ela não recebeu e foi informada pela universidade que não há recursos para o pagamento.

Para João Victor, a situação é de muita incerteza e vulnerabilidade, o que dificulta pensar alternativas. Ele considera que diante da crise a Ufes está se fechando, mas se fecha especialmente para certos setores, destacadamente os estudantesF, afetados diretamente em sua capacidade de seguir estudando, o que pode aumentar taxas de evasão e trancamento de matrícula. “A universidade vai se fechando para essas pessoas mas continua aberta, funcionando de forma precária”.  É por conta disso que o movimento negro universitário declarou indicativo de greve em sua última reunião.

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