“Serão três dias intensos e importante para deixar a universidade mais preta e discutir temas que nos são importantes”, diz a professora universitária Patricia Rufino sobre o III Copene Sudeste, que acontece nesta semana, desta terça a quinta-feira (24 a 26), no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em Goiabeiras, Vitória. O tema do encontro já diz bastante: “Vidas Negras importam: afirmação de direitos das populações negras e indígenas no fortalecimento da luta antirracista”.
Organizados a partir da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), os Copene nacionais e regionais buscam colocar em contato professores, pesquisadores, estudantes e ativistas que têm pensado e agido em relação a questões que envolvem a população negra na diáspora africana sob diversos aspectos.
O Copene Sudeste na Ufes iniciará o credenciamento às 8h na tenda localizada ao lado do Teatro Universitário, onde se concentrarão a maioria das atividades. As inscrições podem ser feitas previamente pela internet no site do evento, além de algumas vagas estarem disponíveis para cadastro no próprio local.
A primeira atividade será a apresentação de Abajur Cor de Carne: Cartografia pela Dança, do Coletivo Emaranhado, às 9h, seguido da solenidade de abertura. A primeira conferência trará como tema “Desafios para a população negra em tempos de recrudescimento de políticas públicas”, contando com palestras com o professor Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e a professora Ieda Leal de Souza, secretária de Combate ao Racismo da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE).
O evento contará com uma série de intervenções culturais, diversos debates, minicursos e oficinas, exposições e espaços de articulação. A programação completa pode ser encontrada aqui.
A crise política e econômica que afeta direta e destacadamente a população negra com a perda de direitos, empobrecimento e extermínio deve ser um dos temas centrais das atividades. A conjuntura afeta essas populações em diversos sentidos, inclusive em sua participação nos espaços acadêmicos e de formação, onde nos últimos anos houve alguma inclusão.
“Nossas conquistas se deram a passos lentos, mas temos um crescimento visível da população preta e parda nas universidades por conta das políticas afirmativas, mas a questão não se dá de forma linear. Conquistamos espaços, abrimos caminhos, porém a permanência está ameaçada”, alerta Patrícia Rufino, que também é coordenadora-geral do III Copene Sudeste
Ela se refere aos cortes de investimentos que implicam o fim de bolsas e assistência estudantil, o que além de dificultar que os estudantes terminem seus estudos, enfraquece o campo da pesquisa, ensino e extensão nas universidades. “A academia por muito tempo negligenciou a própria proposta de atingir todo público e uma das categorias mais excluída desses processos foram os negros. O fortalecimento desse movimento é importante para pensar a construção do campo epistemológico negro”, diz.
A questão indígena também terá espaço especial dentro do Copene, estando incluídas dentro dos principais debates. Arte e literatura afro-brasileira e indígena, educação básica, técnica e tecnológica, relações de gênero e diversidade sexual e acesso e permanência no ensino superior são os temas das mesas de debate. Vários trabalhos acadêmicos com assuntos diversos dentro da temática do evento também serão apresentados em sessões temáticas.
Ainda acontecem dentro do evento o Fórum da Educação Básica, a reunião dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, a reunião regional da ABPN e Assembleia de Encerramento, buscando que os acúmulos das atividades sejam encaminhadas para o próximo Copene Nacional.