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Corredor ecológico Pedra Azul – Forno Grande é tema de livro e documentário

Fotos: Instituto Últimos Refúgios

Conhecer para proteger. Partindo desse pressuposto, o Instituo Últimos Refúgios produz um livro e um documentário sobre o corredor ecológico Pedra Azul – Forno Grande, localizado entre os municípios de Domingos Martins, Vargem Alta e Castelo, na região serrana. 

O corredor é formado por três unidades de conservação: os parques estaduais Pedra Azul e Forno Grande, e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Águia Branca. Coberta pela Mata Atlântica, a região é uma das mais ricas em biodiversidade do mundo e, sofre, como na maioria do território deste bioma, com pressões e ameaças à sua integridade.

A zona de amortecimento do Parque de Pedra Azul, por exemplo, é alvo de intensa especulação imobiliária, concentrando grande número de mansões de lazer dos políticos e empresários do Estado, incluindo o ex-governador Paulo Hartung e sua “mansão secreta”, que virou notícia nacional durante as eleições de 2014. 

São muitas as denúncias de irregularidades ambientais nos arredores de Pedra Azul e de tentativas, por parte do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), de reduzir a zona de amortecimento.

No material do Últimos Refúgios, as fotografias são inéditas, mostrando as riquezas naturais por meio de imagens artísticas contemplativas da natureza, da identificação de espécies e da leitura de textos informativos e educacionais sobre a Mata Atlântica do corredor.

A obra será bilíngue (português e inglês) e terá aproximadamente 220 páginas, com impressão em cores, capa dura e acabamento em costura, com tiragem de 1.000 exemplares. A publicação contará ainda com uma versão para pessoas com deficiências visuais em formato Daisy (audiodescrição/narração), que será disponibilizado na internet após o seu lançamento.

Em paralelo ao desenvolvimento do livro, também será produzida uma série documental que mostrará a rotina de trabalho dos fotógrafos da natureza e de toda a equipe responsável pelo projeto.  

O Corredor 

O Corredor Ecológico está inserido nos municípios de Pedra Azul, Vargem Alta e Castelo e é formado pelo Parque Estadual de Pedra Azul, pelo Parque Estadual de Forno Grande e pela Reserva Particular do Patrimônio Natural Águia Branca. É um importante remanescente de Floresta Atlântica capixaba, que já sofreu diversos impactos humanos prejudiciais que precisam ser atenuados.

Para o Instituto Últimos Refúgios, os projetos de livro e de documentário estimulam a produção e a divulgação do conhecimento científico tanto para pesquisadores quanto para o público não especializado, a exemplo das comunidades locais. De outra maneira, por intermédio de ações educativas e de difusão e popularização do conhecimento, os projetos contribuem para a capacitação de educadores, técnicos, gestores ambientais e lideranças comunitárias, estimulando o interesse pelo estudo da biodiversidade e uso do conhecimento científico como ferramenta para a conservação biológica. 

Ecossistema mais ameaçado do planeta

A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta, e grande parte dela está localizada dentro do território brasileiro. Ela é composta por um mosaico de vegetações, desde florestas densas, florestas estacionais, até campos de altitude, mangues e restingas. 

Além de ajudar a controlar o clima, a Mata Atlântica produz alimentos, guarda espécies de plantas medicinais e abriga uma grande diversidade de espécies da fauna brasileira. Devido à sua importância, é um patrimônio nacional reconhecido internacionalmente como uma Reserva da Biosfera.

Embora seja legalmente protegido pelo projeto de Lei da Mata Atlântica, esse bioma é o ambiente mais devastado do Brasil. A Mata Atlântica estendia-se ao longo da faixa costeira brasileira, do Rio Grande do Sul até o Piauí. Atualmente, porém, restam apenas 8,5% da cobertura vegetal original, na forma de remanescentes florestais distribuídos por 17 estados brasileiros. A conservação desses remanescentes é um grande desafio, uma vez que 70% da população brasileira se concentra na faixa litorânea, exatamente nos domínios da Mata Atlântica. Além disso, a maior parte dos remanescentes de mata constituem-se de pequenos fragmentos, isolados entre si. 

A exploração inadequada dos recursos naturais, a perda e a fragmentação dos habitats, a caça e a extração predatória de produtos florestais, tal como a conversão de áreas de floresta em campos produtivos, são as principais forças que ameaçam os ecossistemas do bioma.

Florestas capixabas

O Espírito Santo tem seu território totalmente inserido no bioma Mata Atlântica. Apesar de ter perdido cerca de 90% de cobertura vegetal nativa, tem um grande número de Unidades de Conservação, se comparado a outros estados brasileiros, sendo 11 unidades federais, 17 estaduais e tantas outras municipais, só na capital Vitória são 17 unidades de conservação.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, 1.173 espécies são reconhecidas como ameaçadas no país. Como, por exemplo, 110 mamíferos, 234 aves, 80 répteis, 41 anfíbios, 311 peixes de água doce e 299 invertebrados. No Espírito Santo são 1.875 espécies da fauna e flora que correm risco de extinção, segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). Elas foram classificadas como “vulnerável”, “em perigo” ou “criticamente em perigo”. No entanto, existem espécies de aves, por exemplo, que já não são mais encontradas no território capixaba, como os bicudos (Oryzoborus maximiliani) e as araras-vermelhas (Ara chloropterus)

Entre as espécies de vertebrados avaliados como em risco, temos gato-do-mato (Leopardus tigrinus), onça-pintada (Panthera onca), preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), guigó (Callicebus personatus), sagui-da-serra (Callithrix flaviceps), ouriço-preto (Chaetomys subspinosus), rato-de-espinho (Abrawayaomys ruschii),  tesourinha-da-mata (Phibalura flavirostris), tatu-canastra (Priodontes maximus), muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e anta-brasileira (Tapirus terrestris). Já as espécies de invertebrados, temos cerca de 42 que correm sérios riscos de desaparecerem da fauna capixaba. 

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