Após mais de mil camponesas da Via Campesina e do Movimento Camponês Popular (MCP) terem ocupado a sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na tarde de quinta-feira (7), uma reunião entre as manifestantes e autoridades foi realizada para debater a pauta do movimento.
A negociação, porém, permaneceu apenas no campo das promessas. Estavam presentes o secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário Laudemir André Müller e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes.
As camponesas cobraram o acesso a créditos agrícolas, assistência técnica e políticas públicas para a área, em busca da soberania alimentar. As manifestantes defendem uma agricultura “com a produção de alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos e com preservação ambiental”, com grandes críticas o modelo de desenvolvimento agrário baseado no agronegócio.
Segundo a coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a audiência serviu para que as autoridades sinalizassem mais promessas – e só isso – de avanço na desapropriação de terras para a Reforma Agrária. Além disso, foi divulgado o montante que será destinado à desapropriação em 2013: R$ 730 milhões.
A manifestação faz parte da Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina, realizada há 15 anos no mês de março, em virtude do Dia Internacional da Mulher (dia 8).
O modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio é um dos grandes alvos do movimento. “O modelo expulsa o trabalhador do campo, não produz alimentos para o povo brasileiro. As mulheres são as primeiras a arcarem com as consequências: falta de trabalho, exposição constante a agrotóxicos e venenos, próprios do agronegócio”, afirma Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST.
“Para isso, consideramos a reforma agrária o primeiro passo, com ampla democratização da terra para os trabalhadores e trabalhadoras. Nossa mobilização pressiona o governo para que a reforma agrária seja, finalmente, priorizada”, reivindica a camponesa.
Além da manifestação desta quinta-feira, as camponesas estão acampadas em um terreno ao lado da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na capital federal. O acampamento, que conta com cerca de 700 pessoas e não tem previsão de término, recebeu o nome de Hugo Chávez, presidente e líder da Venezuela morto no último dia 5.