segunda-feira, novembro 25, 2024
19.9 C
Vitória
segunda-feira, novembro 25, 2024
segunda-feira, novembro 25, 2024

Leia Também:

Inspirada em ataque homofóbico, ‘A Golondrina’ será apresentada em Vitória

O ataque terrorista e homofóbico à boate Pulse em 2016, nos Estados Unidos, serviu de pano de fundo para o espetáculo A Golondrina, escrito pelo catalão Guillem Clua. Espetáculo que já foi encenado na Inglaterra e na Espanha, possui sua versão brasileira dirigida por Gabriel Fontes Paiva. A obra será apresentada nos próximos dias 17, 18 e 19 de outubro no Sesc Glória, Centro de Vitória.

O atentado à boate LGBT aconteceu na cidade estadunidense de Orlando, na Flórida, e resultou em 50 mortos, até então o mais mortal tiroteio do país, superado no ano seguinte pelo massacre cometido por um atirador em Las Vegas. Mas não é exatamente sobre o fato ocorrido que a A Golondrina tratará.

Foto: João Caldas

A trama envolve um jovem e uma professora de canto. Ramón (interpretado por Luciano Andrey) é um jovem que sobreviveu a um ataque homofóbico em um bar gay. Amélia (Tania Bondezan, que também assina a tradução da obra) é uma professora de canto muito rígida, mas que também possui sua vida marcada por esse mesmo evento.

Encontram-se quando Ramón quer iniciar aulas de canto para uma homenagem póstuma a sua mãe. Amélia a princípio não aceita, mas cede diante dos apelos do jovem. A obra faz ecoar também outros ataques covardes como o do bar Bataclan em Paris e do calçadão de Nice, ambos na França, e o da Ramblas na Barcelona, onde nasceu Guillem Clua. O texto poderia se passar em qualquer lugar do mundo e os temas retratados são amplos e profundos.

Com atuação muito elogiada pela crítica, Luciano Andrey e Tania Bondezan vão tecendo diálogos e relações que aos poucos constroem um quebra-cabeça que vai revelando seus passados que se descobrem entrelaçados. Embora com pontos de vista distintos, os personagens buscam entendimento, sem julgamentos. “Ambos têm razão em suas questões. Ao invés de assumir a posição de um deles, o autor propõe uma reflexão sobre a nossa capacidade de se colocar no lugar do outro e sermos empáticos, que acredito ser a chave para as mazelas humanas”, considera Luciano.

A tônica é a busca por entender as razões e consequências do ódio e do horror e as estratégias que aqueles que são afetadas por elas constroem para se manter vivos e sãos após tragédias tão insanas.

Foto: Odilon Wagner

Tania considera que apesar da distância com o local onde ocorreu o atentado da Pulse, no Brasil acontecem ataques diários e de maneira silenciosa. “Isso justifica a necessidade de montar este texto atualíssimo, que fala de relações humanas, familiares e da necessidade do entendimento e do perdão. Quando os dois personagens se encontram, eles têm dois caminhos a seguir: podem optar pelo ódio ou caminhar juntos. Ambos têm razões para causarem ainda mais danos além do que sofreram ou se reconhecer na dor um do outro para não permitir que vença o instinto animal”, afirma a atriz e tradutora.

A produção da peça é do ator Odilon Wagner, que declarou ser uma das obras mais emocionantes que já participou em seus quase 50 anos de carreira.

AGENDA CULTURAL

Peça A Golondrina, de Guillem Clua 

Onde: Sesc Glória – Avenida Jerônimo Monteiro, 428, Centro de Vitória/ES

Quando: 17, 18 e 19 de outubro, às 20h.

Mais Lidas