Fotos: Divulgação
Varetas, papel, barbante, cola, tesoura. Não muito mais do que isso é necessário para produzir uma pipa. Brinquedo prático, barato, divertido e concorrido, atravessa gerações e persiste até hoje sobretudo nas áreas de periferia. É de cima dos morros que se tem a localização mais estratégica para empinar sua pipa e reinar sobre os céus da cidade.
No Bairro da Penha, em Vitória, acontece no dia 27 de outubro o I Festival de Pipas na Pedra, um evento que busca debater direitos das crianças e adolescentes na região a partir dessa brincadeira tão presente no cotidiano. “A gente tem que trazer os debates sobre direitos humanos para dentro das comunidades de periferias, e nada melhor do que o lazer para falar desses direitos”, pontua Crislayne Zeferina, uma das organizadoras.
O aquecimento para o evento já começou, mobilizando a juventude do entorno nas últimas duas semanas com oficinas de pipa e de graffiti. Crianças e adolescentes se aglomeraram no Beco Santo André, onde puderam ter ajuda e dicas para montar as pipas e ajudar na produção de graffitis nas paredes do beco com presença de artistas do Estado.
Mas para além de ensinar técnicas práticas, realizou-se diálogos sobre os perigos que devem ser evitados para o bem da brincadeira, das pessoas e das comunidades, como o cuidado com fios de energia e a diversão sem uso de cerol, mistura cortante usada em pipas que pode ferir ou até matar pessoas que transitam pelos locais.
No dia 27 as atividades terão início às 14h, contando com distribuição de pipas, oficinas de graffiti, tranças e maquiagem e brincadeiras infantis, incluindo muitas pipas no ar, é claro. A iniciativa é do Coletivo Beco, criado por jovens do bairro, em projeto patrocinado pela EDP Escelsa por meio do Fundo Bem Maior, que atende as diversas comunidades do chamado Território do Bem.
Para Crislayne Zeferina, é importante buscar as referências das próprias comunidades e estratégias criadas por elas para lidar de forma positiva com o cotidiano mesmo com dificuldades e carências. A pipa, por exemplo, em parte também uma alternativa de lazer criada pelos moradores diante da falta de espaços de lazer e políticas culturais e para a infância e juventude nos territórios periféricos.
“É preciso olhar nossos espaços e nossas histórias como forma de alternativa de inclusão das políticas públicas de lazer, garantida no Estatuto de Juventude, e não como um empecilho. Explorar nossos espaços com direitos e investimentos é melhor que explorar com fardas e violências”, diz.
Não à toa, a pipa virou símbolo da Campanha Contra a Redução da Maioridade Penal. A pipa simboliza liberdade. Uma pipa no céu é uma criança olhando para o infinito.
AGENDA CULTURAL
Festival de Pipas na Pedra
Quando: Domingo, 27 de outubro, 14h
Onde: Na Pedra do Bairro da Penha, Vitória/ES.