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Cartas na mesa

Servidores públicos de várias categorias de um lado. Líder do Governo, Enivaldo dos Anjos (PSD), do outro. E o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), no meio. A reforma da Previdência do governador Renato Casagrande, desde sua apresentação na semana passada, provoca um tsunami nos bastidores. Rejeitada pelo funcionalismo, principalmente por atrasar o tempo de aposentadoria em até sete anos e aumentar a alíquota de contribuição dos servidores ativos, aposentados e pensionistas de 11 para 14%, a proposta virou mais um motivo de forte embate entre as entidades representativas e o governo, que há meses vêm batendo de frente, sem trégua. Passado o feriadão, começaram as articulações em busca de um consenso – se é que ele existe! Desde essa segunda-feira (18), representantes dos servidores fixaram o pé na Assembleia para reuniões com os deputados, reivindicando participação no debate. O movimento rendeu outro encontro nesta terça-feira (19), intermediado por Enivaldo, com a presença do procurador de Estado, Luiz Henrique Miguel Pavan. O líder do Governo chamou em plenário os demais parlamentares, o que até esvaziou a sessão. E Erick Musso, afinal? O presidente, que controla bem a Casa, comunicou de um pedido atribuído aos líderes partidários de convocação de mais três sessões extras, duas nesta quarta-feira e a outra na próxima terça-feira (26), só pra dar início ao conhecido jogo que antecede os recessos de final de ano. Pelo termômetro atual, divisões em plenário e sinais atravessados entre Erick e Casagrande, vem turbulência por aí…

Sem explicações

Erick chegou a ser questionado pelo deputado Sergio Majeski (PSB) sobre a pressa de convocar as sessões, já que as pautas têm ficado inclusive vazias, mas o presidente limitou-se a dizer que o “tempo é exíguo e tramitam matérias de alta relevância”. Majeski reforçou sua posição contrária, mas foi cortado por Erick, restando a ele “agradecer pela elegância na resposta”.

Atropelo

A crítica de Majeski se refere exatamente ao que acontece nessas épocas, quando os projetos são aprovados a toque de caixa, muitas vezes sem leitura pelos deputados, quem dirá debates. Com um detalhe que piora o quadro: as matérias em tramitação são, de fato, muito polêmicas.

Próximos capítulos

No caso da Previdência, os servidores tiveram aceno positivo de Enivaldo para que a alíquota de 14% atinja somente os novos contratados. Integrante do bloco dos “independentes” e crítico do governo, Lorenzo Pazolini (sem partido), por sua vez, disse que protocolou emendas nesse sentido. Outro pleito é que a pauta seja debatida com calma, sem regime de urgência (já não foi atendido, na sessão dessa quarta pela manhã).

Interesses

Mas a pressa ou não em relação à Previdência e outros projetos do governo dependerão mesmo é da a PEC de Erick Musso que antecipa as eleições da Mesa Diretora, mantendo-o no poder nas duas próximas eleições (2020 e 2022). As duas iniciativas começaram a tramitar nesta terça-feira e Erick tem esse trunfo contra Casagrande, que se posicionou contrário à medida. É aquilo, não me atrapalha, que eu não te atrapalho…

Interesses II

A jogada coloca o governador em uma sinuca de bico, já que precisa aprovar os projetos, mas, nas eleições do próximo ano, inicia a caminhada para o projeto de reeleição de 2022. E não é novidade que, no Estado, o grupo de Erick, que tem ainda o deputado federal Amaro Neto (Republicanos), tem metas ousadas para delimitar seu próprio território político. Enquanto Erick controlar a Assembleia, tem poder na mesa de negociação.

Agenda lotada

A vice-governadora Jaqueline Moraes (PSB) segue rodando para tudo quanto é lado no Estado e fora dele. Nesta quarta, participa em São Mateus da solenidade que marca o Dia Nacional da Consciência Negra, quando a Capital é transferida de forma simbólica para o município. Já no sábado (23) estará em São Paulo, para palestrar no Festival Virada da Virada, na Fundação Bienal, que debate o voluntariado no Brasil. “Tá que tá”!

Tiro ao alvo

Assim como na Assembleia pelo deputados-candidatos em 2020, o caos das chuvas em Vila Velha também virou tentativa de munição contra o prefeito Max Filho (PSDB) pelo vereador Arnaldinho Borgo (MDB), outro que chegou a aparecer nas cotações para a disputa. Em discurso na sessão dessa segunda-feira (18), ele disse que o prefeito “sumiu” e não acompanhou as ações em áreas críticas. 

Tiro ao alvo II

Também sobrou para os secretários de Defesa Social, Oberacy Emmerich Júnior, e de Assistência Social, Ana Cláudia Pereira Simões Lima. “Duvido que alguém saiba onde essas duas importantes autoridades da PMVV estavam nos momentos mais críticos”, provocou Arnaldinho. O vereador é do partido de Dr. Hércules, eterno interessado na prefeitura. Mas depois de muitos percalços, o deputado jura que em 2020 a candidatura sai. 

PENSAMENTO:

“Na política, os ódios comuns são a base das alianças”. Alexis de Tocqueville

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