Desde 2014, foram mais de 400 documentos identificados e classificadas pelo projeto Atlas Urbanístico de Vitória sobre treze planos urbanos realizados para a capital capixaba. Parte desse acervo é de documentos que possuem cópias únicas no Arquivo Geral Municipal de Vitória, que estavam esquecidas por lá. Com o novo projeto, vários documentos podem ser acessados pela internet, além de terem sido organizados e indexados para melhorar as buscas e evidenciar as relações entre os documentos que se encontravam muitas vezes desconexos.
Além facilitar o acesso, o projeto também contribui para a conservação dos documentos em seu estado atual, já que muitos acabam danificados ao longo do tempo pelo manuseio ou outras causas. Os planos urbanísticos que tiveram imagens digitalizadas e disponibilizadas foram parte do Projecto de um Novo Arrabalde (Saturnino de Brito, 1896); Plano Geral da Cidade (Henrique de Novaes, 1917); Plano de Urbanização de Vitória (Henrique de Novaes, 1931/1933) e Planta cadastral da cidade e Plano de Urbanização de Vitória (Empresa de Topografia Urbanização e Construções – ETUC sob a supervisão de Alfred Agache, 1946). São considerados os documentos mais antigos, raros e em estado mais frágil de conservação dentre os pesquisados pelo projeto.
A maioria dos documentos mostra transformações voltadas para saneamento e melhoramentos na área central da cidade, além da expansão propiciada pelo Novo Arrabalde, que define o planejamento urbano da região em torno da Praia do Canto. Sobre os planos que não tiveram imagem digitalizada, há informações e links disponíveis no projeto, sendo materiais de mais fácil acesso em diversos arquivos do Estado.
Flavia Botechia, pesquisadora, professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenadora do Atlas Urbanístico de Vitória, revela que os mapas digitalizados foram pouquíssimo utilizados em pesquisas na área de arquitetura e têm muito a dizer sobre a cidade.
A preocupação do projeto foi que os textos que acompanham as imagens, feitos seguindo as normas nacionais de conservação pela Claraboia Imagens, fossem acessíveis, para envolver não apenas pesquisadores e acadêmicos, mas também o público em geral, que tenha curiosidade sobre a história e construção da cidade. “Os mapas ajudam a entender o processo de formação do nosso território, entender como as reformas urbanas foram feitas e identificar por que transformações a cidade passou”, aponta a professora, lembrando da presença de urbanistas do Rio de Janeiro e até da França, que ajudaram na construção e desenho dos projetos urbanos para Vitória..
Ela cita, por exemplo, o fato de algumas praças do Centro, como a Ubaldo Ramalhete e a João Clímaco, foram construídas a partir da demolição de quarteirões, como parte de uma política de intervenção do Estado. “Os curiosos podem também fazer comparações, identificar o local de casas e ruas antigas”. Por meio da indexação, é possível realizar buscas pelos projetos no site de acordo com a data, autor do projeto urbanístico, entidade custodiadora do mesmo, período governamental em que foi realizado, entre outros.