Se a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa que garantiu a manutenção de Erick Musso (Republicanos) na presidência até 2023, nessa quarta-feira (27), pegou mesmo de surpresa até o governo, como tem repetido Renato Casagrande e seus aliados na imprensa, sinalizando rasteira e rompimento de acordo, está aí um péssimo sinal em relação à base aliada na Casa, que é ampla. O executivo não tem controle sobre os 17 deputados eleitos – com algumas baixas mas também adesões – em sua coligação? “Ah, não deu tempo”, “ah, os interlocutores não conseguiram falar com o plenário”. E precisava? A manobra de Erick foi escancarada, assim como é óbvio que terá muitos efeitos no futuro político do Estado, esbarrando, neste caso, no próprio projeto de reeleição de Casagrande. Se para a sociedade tudo isso ficou mais do que evidente, imagina para os parlamentares, que conhecem as nuances, moedas de trocas e afins das negociações políticas! A não ser os pouquíssimos cinco deputados que votaram contra a chapa única imposta pelo grupo de Erick, em um processo completamente antidemocrático, os outros 23 não ficaram nem com “uma pulga atrás da orelha”? Ou não tiveram disposição de peitar Erick? E daqui pra frente, como fica? Se foi um acordo rompido, Casagrande tem obrigação de reagir. Mas, para isso, precisa dirigir o plenário, sob risco de não ter seus projetos aprovados. A contar pelo placar da eleição de Erick, sei não, os deputados já escolheram a quem “bater continência”.
Marketing pessoal
A propósito, o vídeo “institucional” divulgado por Erick após a sua reeleição é outro indicativo de que ele não está pra brincadeira na sua meta de poder. Passa por alguns serviços oferecidos pela Casa, mas o principal objetivo, mesmo, é exaltar a própria trajetória e gestão, com direito à presença do ex-governador e aliado Paulo Hartung e projeções para o futuro. Grande finale: “Porque o trabalho que dá certo não pode parar”.
Ligue os pontos…
Pergunta que não quer calar: por que fazer questão de exibir Hartung, o principal adversário político de Casagrande, a essa altura do campeonato?
Faça o que eu falo…
Tem mais: por trás das câmaras, a manobra absurda de reeleição, na frente frases bonitas de Erick jurando que é novo na idade e no jeito de fazer política. Me engana…
Ação judicial
O deputado Fabrício Gandini (Cidadania), que tem atuação apagada em plenário, cresceu e apareceu no episódio da reeleição de Erick. Questionou o cerceamento da disputa e a impossibilidade de montar outra chapa em cinco minutos durante a sessão e, nesta quinta, anunciou nas redes sociais que entrará com ação judicial para “corrigir esse ato vergonhoso e garantir a legalidade e a democracia”. A conferir!
Mais ou menos
Na segunda-feira, durante a votação da PEC de Erick, Gandini também fez parte do pequeno grupo (somente quatro deputados) que votou contra a antecipação da eleição. Mas pecou na história da Previdência, votou sim em tudo.
Contramão
Aliás, no bolo dos deputados da base que acabaram contrários ao próprio governo na reeleição de Erick, o maior papelão restou a Freitas, do PSB de Casagrande e hoje na Assembleia graças ao arranjo que colocou Bruno Lamas (PSB) na Secretaria estadual de Trabalho. Não só votou a favor de Erick como faz parte da Mesa Diretora de 2021 como segundo secretário, destoando da indignação dos demais deputados da bancada, Dary Pagung e Sergio Majeski e, agora, também do governador…
Contramão II
Para quem não se lembra, Freitas fracassou na tentativa à reeleição e ficou com a suplência da coligação PSB-DC, sendo acomodado por Casagrande depois de obter apenas 15,3 mil votos. Um resultado eleitoral em queda livre, se comparado à eleição de 2014, quando obteve 33,5 mil votos à Assembleia.
Contramão III
Inclusive, para eleição de 2020, o deputado já está há meses a reboque de Casagrande, participando de todos os eventos oficiais e com aval para circular a região na tentativa de recuperar densidade. A experiência de 2016 foi trágica, perdeu para o novato e atual prefeito Daniel da Açai (PSDB) e da liderança local Carlinho Lyrio (PHS), fechando as urnas com apenas 10,7 mil votos.
PENSAMENTO:
“A política é a arte do blefe”. David Saleeby