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‘O não infectado não tem noção do que o espera após o diagnóstico’

O dia 1° de dezembro é lembrado como Dia Mundial de Combate à AIDS. Ativistas alertam que a doença, que causou pânico em décadas passadas, está com menos visibilidade e o perigo persiste, com novos contágios. Causador da AIDS, o HIV, vírus da imunodeficiência adquirida, ataca o sistema imunológico, tornado o organismo mais frágil para se defender de doenças. Háá pessoas, porém, que convivem com o vírus por muito tempo sem apresentar sintomas nem desenvolver a doença.

Século Diário entrevistou Janette Alvim, representante estadual do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP), que falou um pouco sobre a situação das políticas públicas e o preconceito enfrentado pelas Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (PVHAS), como preferem ser referidas enquanto grupo social, em detrimento de expressões como “aidéticos”, que carregam carga de estigma e preconceito.

Qual a importância de se lembrar o Dia Mundial de Combate à AIDS?

Para que não caia no esquecimento uma data de crucial importância, como vem sido banalizado a realidade do viver com HIV/AIDS.

Essa data foi estabelecida ainda nos anos 80. O que mudou de lá pra cá em relação ao combate à AIDS e à qualidade de vida das pessoas soropositivas?

Mudou muitíssimas coisas, inclusive nossos direitos adquiridos, como PVHAS (Pessoas Vivendo com HIV/AIDS), estão sendo retirados. Nossas conquistas, nossas décadas de militância na luta contra HIV/AIDS. Nossos gestores não entendem que somente o coquetel não é suficiente para ganhar essa guerra.

Que tipo de direitos estão sendo retirados?

Direito de ser atendido logo após o diagnóstico, que geralmente demora meses, deixando o novo infectado em total angústia. Direito de fazer todos os exames fundamentais com frequência: CD4 e Carga Viral, pois há Municípios e Estados em que a demanda é muito grande, e os serviços de atendimento não comportam tantos pacientes. Muitos que estavam aposentados perderam seus benefícios. Somente depois que o ativista Renato da Matta se empenhou durante incansável luta, está sendo restituído aos poucos. O passe livre é uma conquista, mas é uma luta para manter.

Parece que o tema hoje é menos visível do que anos ou décadas atrás? Acha que hoje se fala menos sobre AIDS? Por quê?

Com certeza, pois com a eficácia do coquetel em relação ao vírus, e pela nossa qualidade de vida, o indetectável, supõe-se que está tudo bem. Na verdade, a visibilidade da AIDS está em queda, muito ao contrário do que se tem nos boletins epidemiológicos, que nos evidenciam claramente o número assustador de novos contaminados.

Quais os principais desafios e dificuldades que ainda precisam ser superadas em torno das pessoas com HIV+?

Primeiramente, o não infectado não tem noção do que o espera após o diagnóstico. Uma vez diagnosticada, essa pessoa não sai mais dos ambulatórios. É preciso falar de AIDS como ela realmente é: incurável, uma doença que nos acomete com envelhecimento precoce dos órgãos em geral.

Sobre o preconceito, como ele se manifesta nos dias de hoje? 

O preconceito é outro vírus que temos que lutar contra. O preconceito persiste pela falta de conhecimento de prevenção. É preciso ações de prevenção real, alertando sobre a realidade do viver HIV/AIDS.

Como se organiza os movimentos de luta relacionados com o tema no Espírito Santo e no Brasil?

Nossos movimentos sociais são a Rede Nacional de Pessoas Com HIV AIDS (RNP+), o Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP), do qual sou representante estadual. Nos organizamos pela carta de princípios, nas esferas nacional, estadual e mnicipal. Lutamos por aqueles que se calam, pelos que estão chegando. Buscamos apoio político, dos gestores da saúde, realizamos reuniões mensais e encontros, o que está ficando cada vez mais difícil, por causa da falta de apoio aos ativistas em geral.

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