Embora tenha finalizado seu duro discurso na sessão da Assembleia Legislativa desta segunda-feira (2) garantindo que tem palavra e não vai deixar de apoiar o governo mesmo fora da liderança de forma “injustiçada”, e ainda que o partido Cidadania e assessores do governo não irão intrigá-lo com Renato Casagrande, o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) preparou uma “porrada” ao governo para opositor nenhum colocar defeito. Tocou em pontos desgastantes para a gestão estadual, desmentiu o novo líder Freitas, que teve participação questionável na reeleição do presidente Erick Musso (Republicanos) que desencadeou toda essa crise interna, atacou aliados e legendas da base de interferirem negativamente nas articulações políticas, o que ameaça Casagrande de isolamento nas próximas eleições, e criticou até a alternância de poder entre o socialista e seu adversário Paulo Hartung, “que não têm sido bons exemplos no tipo de política que fazem no Estado”. Nem o rompimento dos dois com Theodorico Ferraço (DEM) passou batido. “Esse povo não respeita a gente, acha que é igual a papel higiênico”, completou. Entre outras tantas e boas, em que defendeu também sua honra e sua trajetória, certa hora Enivaldo soltou: “eu gosto de ficar aqui como sempre gostei, independente, sem ter que segurar pepino de ninguém, falando o que eu quero”. O bloco já consolidado na Casa, tudo indica, ganhou um reforço de peso.
Vai saber…
Casagrande deve ter tido lá seus motivos para escolher Freitas como seu novo líder. Mas, como esperado, já são evidentes os sinais de que o escalado não terá vida fácil. A participação de Freitas no processo é motivo de desavenças com os colegas de plenário. Além disso, no embate, ele é mais do time da “embromation”.
‘Nananinanão’
Freitas, como se sabe, em movimento contrário ao governo, foi eleito na chapa de Erick que tomará posse em 2021 como primeiro secretário. Na sessão desta segunda, o deputado do PSB, único da bancada a votar com Erick, apresentou uma justificativa sem nexo para rebater Enivaldo e foi logo desmentido tanto pelo ex-líder como por Erick e Alexandre Xambinho (Rede).
‘Nananinanão’ II
Para negar que sua presença na chapa indicava apoio do governo na disputa relâmpago e inesperada registrada na Casa, pontos destacados por Enivaldo, o novo líder disse que assinou seu nome apenas após a eleição. Nas poucas palavras de Erick nessa segunda, achou por bem avisar: “só uma questão de ordem técnica, Freitas assinou antes da votação”. Xambinho, que conduziu a votação, repetiu: “assinou antes, ficando apto a concorrer”.
Posição
A propósito, se a questão era a base em relação à manobra de Erick, porque Casagrande não escalou para a posição antes ocupada por Enivaldo (ele diz que saiu, os aliados do governo que foi destituído) o vice-líder Dary Pagung? Não é o vice? Nesse episódio, o deputado foi desde o início contrário à reeleição. Inclusive, o primeiro e único a emitir uma nota ainda nas articulações para a PEC que alterou a regra, quando se reportou à medida semelhante feita na Era Gratz.
Posição II
O outro deputado do PSB, como se sabe, é Sergio Majeski, que ficou tão revoltado quanto diante da armação inesperada de Erick da última semana, mas tem mandato livre. Critica quem tiver que criticar e, por isso mesmo, incomoda o próprio partido e o Palácio.
Junto com Erick
A alegação de Casagrande foi a fidelidade de Freitas. Com essa história mal contada de participação na chapa da manobra, sei não…
‘Atacado’
Por falar em independentes, quem se disse “pasmo” com as reações de Freitas e de Fabrício Gandini (Cidadania), personagens do embate com Enivaldo, foi Vandinho Leite (PSDB). Em lados antagônicos até a última semana, o tucano disse que ele foi usado de forma oportunista. “O governo perdeu o juízo. Depois de Enivaldo manter a base coesa, até para nos derrotar, agora é atacado pela própria base”, disparou.
Pressão
Gandini, como de costume, nem queria falar nada em plenário. Mas foi convocado por Enivaldo para se manifestar sobre a “panfletagem que está fazendo contra ele na imprensa” e não tinha como fugir. Em uma declaração bem resumida, reforçou que tem mandato e faz o que quiser com ele, assim como Enivaldo também deve fazer.
No alvo
Para além da questão da liderança, Enivaldo aproveitou para denunciar uma viagem feita por Gandini com uma empresa de TI que tinha contrato com a gestão de seu aliado e correligionário, prefeito de Vitória Luciano Rezende, e ainda criticá-lo por se ausentar do plenário em votações polêmicas e atender a interferências externas como do Tribunal de Justiça (TJES) no projeto que tenta reverter o fechamento de cartórios no Estado.
Respingos
A propósito, depois de uma semana de muitos sorrisos e bom-humor em plenário, Erick presidiu a sessão legislativa desta segunda em tom seco e econômico nas palavras.
‘Venezuela’
A manobra do presidente da Assembleia foi parar na imprensa nacional. A coluna Painel, da Folha de S.Paulo, publicou duas notas com o título “Venezuela é aqui”. Dizem que a articulação é “inédita na história recente”, lembra que a disputa deveria ocorrer somente em 2021, e ainda que Musso disputou sozinho, eleito pela maioria “beneficiada por medidas como aumento de assessores pagos pela Casa”. Para fechar, o posicionamento contrário de Casagrande.
PENSAMENTO:
“De erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade”. Sigmund Freud