A Frente Unificada de Valorização Salarial dos Policiais Civis, Militares e Bombeiros lançou, nessa segunda-feira (23), um vídeo em que eleva o tom de críticas em relação ao governo Renato Casagrande. Para os agentes de segurança, o governador tem demorado em cumprir promessas que fez durante sua campanha eleitoral, em 2018, época em que afirmou que valorizaria os profissionais da segurança pública com reajuste salarial e melhor estrutura de trabalho. Depois de um ano de mandato, as categorias alegam que continuam sem respostas sobre uma recomposição para as carreiras.
No vídeo, que tem duração de pouco mais de quatro minutos, agentes de segurança das três forças, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar, incluindo lideranças das associações representativas das categorias, expõem um cenário de dificuldades em que policiais da ativa e aposentados não têm conseguido manter suas famílias com as piores remunerações do País. No caso de soldados e cabos, representantes da associação relatam que, diariamente, recebem militares em busca de assistência alimentícia para conseguir manter suas famílias.
A produção traz ainda relatos de bombeiros e policiais militares que, depois de 30 anos de serviços prestados à segurança pública, se vêm passando dificuldades financeiras. Várias das falas ressaltam que os agentes de segurança aguardam o cumprimento das promessas de campanha de Casagrande e que, caso isso não ocorra, haverá reação.
Um dos integrantes da Frente explicou que “o vídeo é um último alerta ao Governo e à sociedade sobre o grave cenário de insatisfação generalizada que permeia praticamente todos o efetivo das polícias civil, militar e bombeiro militar. Cada vez que o governador vem com discurso de tentar cooptar um segmento das carreiras que integram a Frente, como tem anunciado em relação à categoria de soldado, gera ainda mais revolta e recrudesce nosso movimento, pois já deixamos claro que queremos recomposição salarial em índice unificado, conforme proposta já apresentada por três vezes e até hoje não respondida”.
Reações às falas do governador
Na última quinta-feira (19), representantes da Frente reagiram a declarações do governador Renato Casagrande (PSB) concedidas a profissionais do jornal A Gazeta. Os dois principais pontos de divergências são o fato de Casagrande ter declarado que já se reuniu com a frente, o que os agentes de segurança dizem que não ocorreu ainda, e a intenção do governador de dar um reajuste maior para a base da Polícia Militar, formada por soldados e cabos, o que exclui os oficiais e outras carreiras da segurança pública.
Na ocasião, a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Espírito Santo, Ana Cecília Mangaravite, afirmou que nunca houve um encontro com o governador Renato Casagrande para negociações mais concretas de recomposição salarial. ““A Frente foi criada em meados de maio. Quando constituída, enviamos um ofício ao governador informando que as associações e sindicatos da segurança pública haviam se unido na Frente, que passava a ser o fórum adequado para negociações, mas nunca fomos atendidos. O governador nunca fez uma reunião conosco”, explicou.
Ana Cecília Mangaravite ressaltou ainda que um possível aumento pontual apenas para soldados e cabos não será bem recebido, uma vez que as baixas remunerações atingem todos os cargos da segurança pública estadual. “Todos estão com patamar ruim, até por isso constituímos a Frente, para pleitear reajuste para todas carreiras. Aumento pontual para um e outro cargo, não resolve. Ao contrário, vai acirrar os ânimos e indica uma tentativa do governo de fragmentar o movimento. O governador disse que é necessário valorizar os policiais, mas, até então, não existe uma medida concreta para implementar essa valorização que ele prega, apenas ações protelatórias”.
No dia nove deste mês, um ato foi realizado durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa, quando os policiais e bombeiros tomaram a galeria do plenário munidos de faixas e cartazes. Num deles: “Governador Casagrande mantém política salarial equivocada e fora da realidade do Brasil”. O movimento recebeu apoio dos deputados estaduais.
Já no final de novembro, policiais militares e civis realizaram um protesto em frente ao Palácio Anchieta, sede do governo. Os policiais vestiam camisetas da cor preta em forma de protesto em relação ao fato de receberem os piores salários do País.