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Em tempo de quarentena

Não esquece de cantar o Parabéns pra você. Duas vezes: esse é o tempo exigido

Um padre atendendo confissões em um drive-thru. Tinha longa fila

Visualize um iglu no polo norte, onde você foi parar porque seu jatinho sofreu uma pane. Só e desacompanhado, perdido num mundo branco e gelado, sem telefone, celular, ou laptop. Sem TV com as más notícias diárias, sem um livrinho. Não tem pra onde ir nem pode sair, porque tem um urso branco rondando a área, e em sendo branco se torna invisível no mundo de gelo ao seu redor. Até quando? Só o tempo e os astrólogos poderiam saber, mas não contam. O que fazer?

1 – Contar os pelinhos do braço direito, depois contar os pelinhos do braço esquerdo, pra ver se tem a mesma quantidade. Um pelinho a menos no direito? Conte outra vez, não acredite em primeiras impressões. 2 – Ginástica, exercícios físicos e respiratórios. 3 – Meditação, onde ninguém vai ouvir o zuuuuumbido que você usa nessa concentração. Portanto, dê asas à sua imaginação antes de cair no sono.

4 – Reversão, a técnica da moda: lembrar de tudo que aconteceu na sua vida, tim-tim por tim-tim. Não omita nada. 5 – Sabor a mil -. Listar todos os sabores de sorvetes que você conhece ou pretende inventar.

Talvez você tenha um laptop ou um celular que lhe permita acessar o site do Amazon e pedir um livro. Afinal, eles garantem que entregam em qualquer tempo e lugar. Dada a dificuldade de entrega, porém, você tem direito a um livro, apenas. Qual? Sugiro o livro de poemas da Maggy Hoo, porque poesia está em alta: Poemas pra dormir sem sonhar, que ela garante faz efeito imediato. Um poeminha por noite, meia hora antes de dormir, mas já na cama, com todos os quesitos obrigatórios preenchidos: dente escovado e fio dental, pijama ou camisola, luz apagada, creme no rosto e máscara de olho já no olho.

Sneak-peek do Primeiro poema: Penumbra. “Luz – lua sem lume – se vai – luando lunar se foi – Era luz -. lumiando, luz na lama, lima – no fundo da – lua. luando, luzindo – diluindo caindo – voar sem planar. No ar. Luz sem luminescente luna – lunera. Luz, loz, liz, lez, la fora amor… sumiu”. Dormiu? Ainda não? Lê de novo ou pula para o segundo poema. Talvez você não tenha lavado as mãos direito. Não esquece de cantar o Parabéns pra você. Duas vezes: esse é o tempo exigido.

Quando a gente pensa que não falta mais nada para inventarem, a Igreja Católica se adaptou depressa aos tempos do coronavírus. Em Coral Gables, tradicional bairro-cidade no sul de Miami com grande população hispana, portanto católica, os padres estão ouvindo confissões em drive-thru. Com longas filas de carros (com os vidros fechados) esperando a vez. Amém.

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