Tem um vírus voraz rondando sobre nossas cabeças, feito um drone mínimo, mas onipresente
Tem um vírus voraz rondando sobre nossas cabeças, feito um drone mínimo, mas onipresente. Lave bem a mãos, esconda sua tosse debaixo do suvaco, evite aglomerados, até mesmo com o presidente da república. O inimigo espreita por toda parte, ataca em qualquer tempo e lugar. Portanto cuide-se: não quero perder meu único leitor. Ou leitora, não discrimino. Quanto a mim, na faixa etária de alto risco, só me resta trancar portas e janelas, não receber visitas e só sair de casa se for para receber o bolão da loteria – caso jogasse. Ou o Nobel da Paz.
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Estando em quarentena auto-imposta, só me resta filosofar as idiossincrasias da vida e da sorte. Personagem da semana? Cupido, geralmente representado por um menino. Em sendo o amor assunto da maior gravidade, porque geralmente provoca gravidez, Zeus não deveria ter dado essa tarefa a alguém mais responsável? Por isso temos mais divórcios que casamentos. O garoto é brincalhão e irônico: há casais por aí que a gente não entende porque e como se acomodaram. O molequinho estava de bom humor ou bebeu e errou o alvo. Ou seria ironia? A graça é que às vezes dá certo.
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Frase da semana: Apontei para as estrelas e acertei no poste da rua. Na vida como na arte, para cada milhão que tenta só um acerta, e nem sempre é o melhor. Todo mundo tem seu dia risonho e seu dia de dor de dente. Qual deles prevalece é o que define a personalidade de cada um. Os antigos diziam que era derramamento de bílis. Deus também teve seus momentos de bom humor: a zebra, o bicho-preguiça, o papagaio. Num momento de mau humor Deus criou o mosquito. Efeito colateral, a dengue, a malária, e outros mais ou menores.
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Canção da semana: Lava a mão, lava a mão, pra não ter indigestão, não tem contraindicação, não afeta o coração, não ofende o patrão, não atrasa a condução, não atrai o camburão ……… (espaço pra você acrescentar sua rima). Por enquanto, nenhum astro famoso foi atingido. Na tela do meu lap aparecem cookies a cada cinco minutos, todos iguais mas nem tanto, ou seja, mudam os personagens mas o drama é o mesmo: Cancelada maratona da Polícia Militar; Cancelado campeonato de xadrez; Cancelado show da cantora Musy, Cancelada partida de futebol, ou de basquete, ou o Open de tênis. A cada minuto uma escola informa que fechou para balanço.
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Imagina se entramos para a história como o único caso de um presidente da república de um país amigo infectar o presidente da república de um país mais poderoso? Minha filha está preocupadíssima: nesse dia quase histórico, jantou com amigas que almoçaram com o presidente Bolsonaro. Ou foi café da manhã primeiro e almoço depois? Não lembro bem. Pelo menos algo de bom se tira dessa pandemia: o vírus não discrimina pobres e poderosos.
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A Peste Negra, lá pelos idos de 1918-1919, dizimou 1/3 da população da Europa, ou cerca de 100 milhões. A Gripe Asiática, erroneamente chamada de Espanhola no Brasil, matou de 50 a 100 milhões, mais que a Primeira Grande Guerra. Vale observar que a maioria das pandemias que assolaram o mundo vieram da China. Não tendo remédios para a doença e para tentar minimizar um pouco o desespero geral, os médicos receitavam canja de galinha. Não ficou uma penosa viva no país.
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O vírus foi mais danoso para as galinhas do que para a sofrida raça humana, que afinal tem conseguido sobreviver, apesar das perdas e danos. Mas os médicos de antanho não estavam inventando um placebo: canja de galinha cura ou pelo menos minimiza os efeitos de qualquer gripe. Enquanto aguardamos um remédio infalível ou uma vacina eficaz, quem sabe funciona?