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‘O meu grito é o de muitos’, diz seminarista que denunciou autoritarismo

Pablo Antunes Colle (foto), também de Boa Esperança, é outro que se desligou de seminário da Igreja

Na casa da família, na pequena cidade de Boa Esperança, noroeste do Estado, a 60 quilômetros da Diocese de São Mateus, o jovem seminarista Wilson Rodrigues Nascimento, 20 anos, desabafa, “Me senti humilhado, mas o meu grito é o de muitos”. Nessa quarta-feira (22), Wilson denunciou autoritarismo e perseguição na instituição que escolheu para completar sua formação como padre. No dia seguinte, foi mandado embora.

Nesta sexta-feira (24), ele diz que a noite de descanso, depois de seis horas de viagem pelos 480 quilômetros que o separam do seminário da Igreja Católica no bairro Manoel Plaza, na Serra, não foram suficientes para encobrir a angústia. Ele deixou o seminário na tarde de quinta, em obediência à determinação do reitor, padre Elder Malovini Mioss, a quem acusa de autoritarismo e perseguição.

“O pároco de Boa Esperança, Romário, disponibilizou um carro para me levar”, diz Wilson, colocado no centro de uma polêmica por ter contestado a exigência do reitor de manter no seminário 19 seminaristas, contrariando as recomendações das autoridades sanitárias geradas pelo avanço do coronavírus, no sentido de evitar aglomerações.

Refere-se a outros, que, como ele, foram afastados da formação para padre, entre eles Pablo Antunes Colle, também de Boa Esperança, que se desligou do seminário localizado no município da Serra. Da mesma forma que Wilson, Pablo denunciou o reitor por perseguição e autoritarismo e não atendeu à convocação de retornar à instituição, decidindo manter a quarentena na casa de seus pais.

O caso teve ampla repercussão, segundo Wilson, citando dezenas de mensagens de solidariedade que vem recebendo de religiosos, ex-padres, seminaristas e muitos que desistiram de seguir a carreira religiosa por dificuldade de aceitar o regime imposto aos alunos.

A Diocese de São Mateus divulgou nota nesta sexta-feira afirmando estar ciente das declarações de Wilson e esclarece “que estão sendo tomadas medidas jurídicas e eclesiais cabíveis para a resolução dessa situação”.

O documento afirma que “não procedem as alegações com respeito à obrigatoriedade de aulas, a perseguições ou autoritarismo dentro da instituição. O Seminário Diocesano, vinculado à Diocese de São Mateus e situado na cidade de Serra, destina-se à formação de novos padres, servindo de moradia para os seminaristas em fase de dedicação ao ensino superior”.

A instituição ressalta que “tem cumprido as medidas sanitárias orientadas pelos órgãos de saúde competentes para evitar a disseminação da Covid-19 entre padres, seminaristas, colaboradores e fiéis. Seu compromisso é com a vida humana e o bem-estar de todos”.

Wilson diz estar aberto ao diálogo, mas reafirma sua disposição de manter as medidas adotadas a fim de apurar o comportamento do reitor, que foi levado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), devendo gerar uma notificação em defesa dos direitos humanos. Ele também registrou Boletim de Ocorrência (B.O) na Polícia Civil. “Estou aberto ao diálogo, mas não me sinto intimidado”, comenta

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