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Cestas básicas não chegam às famílias do Centro de Vitória, denunciam coletivos

Na falta de ação da prefeitura, somente as campanhas de doações garantem a distribuição de alimentos

Desde o início do isolamento social, no dia 17 de março, diversos coletivos de Vitória organizam campanhas de solidariedade para arrecadação e distribuição de alimentos para famílias carentes. Os voluntários afirmam que durante o desenvolvimento desse trabalho, se depararam com uma realidade de abandono por parte do poder público, uma vez que grande parte das famílias não tem recebido a cesta básica da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), solicitada pelo canal 156.

Segundo o membro do Instituto Raízes, Jocelino Júnior, que atua na Campanha Central de Doação de Alimentos, além de não receberem as cestas, as famílias não têm nenhuma resposta da prefeitura sobre quando elas serão entregues. A campanha, realizada em conjunto com outros grupos, como Stael Majeski Centro Artístico, Associação de Moradores do Centro (Amacentro) e Coletivo Afoxé, distribuiu até o momento cerca de 630 cestas para uma média de 570 famílias, que foram beneficiadas de acordo com a quantidade de membros.

Uma das preocupações do grupo, relata Jocelino, foi evitar que famílias fossem contempladas mais de uma vez. Uma das formas de evitar isso foi contactar a PMV para solicitar informações sobre as pessoas que já tinham tido suas solicitações no 156 aprovadas. Jocelino informa que até a semana passada, segundo a PMV, somente 29 famílias tinham sido aprovadas na região de atuação da Campanha Central de Doação de Alimentos.

O membro do Instituto Raízes questiona a quantidade pequena de solicitação aprovada diante do universo de famílias que abrange cinco bairros, que são Centro, Piedade, Moscoso, Fonte Grande e Capixaba, além das ocupações sociais de moradia. Jocelino denuncia, ainda, que os voluntários entraram em contato com as 29 famílias e elas afirmam não terem recebido as cestas. Ao acionar a prefeitura para pedir esclarecimentos sobre o porquê da não entrega das cestas para a população carente, a resposta foi, segundo Jocelino, de que a demora acontece devido à quantidade de pedidos para analisar, que são cerca de cinco mil.

“Por não ter de fato uma ação da prefeitura, as campanhas de doação são a forma que as pessoas encontraram para ter acesso a alimento. E não se trata somente da região do Centro, mas de todo o território de Vitória. Até quando vamos ter que cumprir um papel que é obrigação do poder público? Sabemos que é uma situação nova, difícil de lidar, que pegou a todos de surpresa, mas o plano de combate à fome está muito lento”, ressalta Jocelino.

O membro do Instituto Raízes questiona como vai ficar a situação das famílias a partir do mês de maio, já que os coletivos “não terão pique” para fazer as campanhas de doação de forma permanente enquanto perdurar o isolamento social.

A integrante do Coletivo Juntos Somos mais Fortes, Valquíria Santos da Silva, afirma que além de grande parte das famílias não ter recebido as cestas, muitas não conseguem fazer a solicitação pelo 156.

Segundo ela, os coletivos de Vitória irão buscar diálogo com a PMV para apresentar os dados de famílias atendidas por eles, que receberam as doações devido às cestas prometidas pela Prefeitura não terem sido enviadas. Por meio desse diálogo, busca-se alternativas para sanar o problema.

Valquíria diz que a campanha Ação Solidária, do Juntos Somos Mais Fortes, atendeu até agora 108 famílias do Morro do Cabral, Santa Teresa, Vila Rubim e Morro do Quadro. Cinquenta e oito delas receberam cestas básicas físicas e 50 ganharam um vale alimentação doado pela Rede Protagonizar, um projeto social que atua em Resistência.

Coletivos de Vitória também fazem críticas à campanha Vitória Solidária, da prefeitura, que busca incentivar as pessoas a doarem alimentos para distribuição às famílias carentes. Para eles, a sociedade civil não tem doado os alimentos para o Vitória Solidária por entender que não é papel da PMV solicitar essas doações, encontrando mais legitimidade nas ações realizadas pelos coletivos.

Sem transparência

Segundo a PMV, em seus canais oficiais de comunicação, desde março foram entregues 5,7 mil cestas básicas. Nesse mesmo período, ainda de acordo com a prefeitura, a equipe da Gerência de Atenção à Família (GAF) indicou a concessão de 4.353 cestas de alimentos, “cuja logística de entrega às famílias está em andamento”.

Os coletivos apontam contradição nas informações, já que o número de cestas doadas é superior ao número de solicitações atendidas, sendo que a PMV não expõe quantas dessas 4.353 foram entregues. Os coletivos exigem transparência e que a prefeitura abra as planilhas e mostre dados da distribuição.

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