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Indígenas realizam seu maior encontro nacional este ano pela internet

Covid-19, que faz vítimas nas aldeias do País, é um dos temas do evento. No Estado, duas indígenas foram confirmadas

Realizado desde 2003 em Brasília, o Acampamento Terra Livre (ATL) de 2020 será todo online. A programação  tem início nessa segunda-feira (27) e segue até quinta-feira (30) nas redes sociais da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Além dos temas tradicionais, como luta por território e outros direitos constitucionais, a pandemia de Covid-19 também entrará nos debates. 

Na primeira mesa com lideranças regionais, realizada na tarde do primeiro dia, Paulo Tupinkim, da aldeia Caieiras Velha, em Aracruz (norte do Estado), falará sobre a situação dos indígenas no Espírito Santo. 

Coordenador-geral da Articulação dos Povos e organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), organização de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Paulo destaca o fechamento das aldeias capixabas a pessoas de fora como principal medida de proteção nessa pandemia. 

Atendendo a uma determinação do Ministério Público Federal (MPF), as barreiras foram instaladas na última sexta-feira (24) na rodovia ES-010, que corta as aldeias Caieiras Velha e Irajá, ambas da etnia Tupinikim. O trânsito continua livre no asfalto, porém o acesso às aldeias está permitido apenas para moradores. Nem mesmo parentes de moradores podem entrar se morarem fora das aldeias. 

Duas confirmações

Duas indígenas da aldeia Pau Brasil, mãe e filha, já foram confirmadas com Covid-19 no Estado. A mãe foi a primeira a testar positivo, na semana passada, após passar mal no retorno para casa depois de uma internação para tratamento renal em Vila Velha. Dias depois, neste domingo (26), uma das filhas também confirmou contaminação. Assintomática, ela permanece em isolamento social em casa, na aldeia, e a mãe está internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

No ES algumas medidas já foram tomadas nas aldeias. “Conseguimos fazer as barreiras dentro das aldeias pra inibir a entrada de não-indígenas e parentes de indígenas que moram fora. Estamos articulando com empresas, deputados e governo do Estado pra distribuir cestas básicas e kits de higiene, que algumas estão passando por dificuldade. Aqui foram dois casos confirmados. As duas famílias já estão em isolamento pra evitar a proliferação do vírus pro restante da aldeia”. 

Casos crescem no Brasil

O número de indígenas contaminados pela Covid-19 cresce abruptamente no Brasil. Nos últimos quinze dias, segundo a APIB, o número de mortes aumentou 800%. Já são nove as vítimas fatais da doença e o número pode ser ainda maior, caso se confirmem outros óbitos suspeitos. 

Há ainda a subnotificação pelo governo federal. Dos 10 casos registrados pela APIB até a última quinta-feira (23), apenas quatro são contabilizados pela estatística da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, denuncia a entidade, que orienta: “os parentes que vivem fora dos territórios ou que estão nas cidades para realizar tratamento para Covid-19 devem exigir que no cadastro do SUS seja registrado seu atendimento como indígena, indicando o nome do seu povo”. 

Acampamento Terra Livre

O Acampamento Terra Livre é o evento em que povos indígenas de todo o País se reúnem para fortalecer a luta e a resistência do movimento indígena.

Diante da nova ameaça causada pela pandemia da Covid-19, do crescimento das invasões nos territórios indígenas, do aumento de assassinatos e criminalização de lideranças, o formato virtual do encontro pretende alertar sobre a real possibilidade de um novo genocídio e denuncia o descaso do Governo Bolsonaro em garantir a proteção de nossos povos ancestrais.

A programação do evento transmitirá encontros, reuniões, lives, pajelança, cantos, danças tradicionais, mostra de filmes indígenas, debates entre mulheres de diferentes etnias, além de mesas com grandes lideranças, indigenistas, antropólogos e outras interações que conectam povos de todo o Brasil no ambiente online.

Nos painéis de discussões, os temas variam entre “Saúde indígena e o racismo institucional”, “Os povos indígenas em tempos de Coronavírus”, “Agenda LGBTQ + Indígenas”, “Enfrentamento às mudanças climáticas, aumento do desmatamento e o impacto no pós-pandemia”, “Direitos Indígenas, violações e autoritarismos”, “Os processos migratórios dos povos indígenas no Acre e a Covid-19”, “Histórias sobre as primeiras retomadas no sul do Brasil”, e “Mesa internacional”.

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