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Para o bem de agricultores e consumidores, cidades retomam feiras livres aos poucos

Depois de Vitória, municípios do interior também reabriram e outros prometem retorno em breve

Arquivo Pessoal

O movimento de retomada das feiras livres chega aos municípios do interior do Estado, para o bem de agricultores e consumidores. Uma semana após Vitória reabrir suas feiras e comprovar ser possível garantir a segurança do funcionamento, desde que cumpridas as devidas medidas de segurança, ao menos três cidades seguiram o mesmo caminho e outros estudam breve retorno. 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria de Jetibá, Egnaldo Andreatta, afirma que Guarapari, Nova Venécia e São Mateus já reabriram e Colatina promete fazer o mesmo.


Infelizmente, observa Egnaldo, esses retornos acontecem de forma restrita a agricultores locais, excluindo os produtores de outros municípios. Santa Maria de Jetibá é um dos principais celeiros da agricultura familiar do Espírito Santo, sendo o maior produtor de alimentos orgânicos do Estado e um dos maiores do país. A reabertura das feiras nas diversas cidades capixabas, portanto, tem impacto importante para a economia de Santa Maria e para a vida milhares de famílias agricultoras, bem como de seus clientes.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Colatina, Fábio Armond, a restrição não é o que vai garantir a segurança e a qualidade das feiras nessa retomada. “Na minha opinião não é necessário o fechamento das feiras, e sim o cumprimento de regras para evitar o contágio do vírus”, aponta.

“A feira não pode ser tratada de maneira diferente dos demais postos de abastecimento à população, supermercado, mercearias e comércio em geral. Estão tirando não só o direito dos feirantes (produtores rurais), mas também da população, na escolha de um alimento mais natural e economicamente mais barato. Como sempre, fica mais uma vez evidenciados os privilégios”, pontua.

O agricultor Vantuil Hammer, produtor da região de Alto Santa Maria, em Santa Maria de Jetibá, é feirante na Feira Orgânica de Colatina. Conta que perdeu toda a folhagem que tinha plantada e que não foi colhida nas últimas sete semanas. Está apreensivo. “A gente não sabe o que vai acontecer daqui pra frente. Estamos vendendo alguma coisa aqui na roça mesmo, mas é pouca coisa”.

Rosana Rekel, vizinha de Vantuil e também descendente de pomeranos, conta drama semelhante pelo fechamento da feira de Colatina. “Quase todos os feirantes está perdendo muita mercadoria. A gente consegue vender uma coisa aqui, outra ali, mas não consegue pagar as contas”, diz.

“A minha opinião é que a feira livre não é tão arriscada como falam. O prefeito [Sergio Meneguelli] poderia conversar com a gente, negociar, mas não se pronuncia, não atende”, clama.

“Como produtores, não queremos nos contaminar, nem contaminar ninguém. Só trabalhar. Precisamos e queremos trabalhar. E as pessoas da cidade também precisam do nosso trabalho. O produto da feira sai mais barato que no supermercado e é mais fresco, colhido um dia antes”, argumenta.

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