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Residentes em Saúde ameaçam paralisação em Vitória

Na linha de frente da Covid-19, os residentes estão com salários atrasados há mais de dois meses 

Os médicos residentes do Programa de Residência em Saúde da Família de Vitória decidiram que irão paralisar suas atividades a partir deste sábado (16), caso o Ministério da Saúde não efetue o pagamento das bolsas até esta sexta-feira (15). Eles começaram a atuar no programa no dia cinco de março, mas nem todos receberam a bolsa, que começou a ser paga somente nesta semana, com dois meses de atraso.

Segundo a psicóloga e residente Yasmin Cupertino, o Ministério da Saúde alega que o atraso se deu por causa de inconsistência nos dados cadastrais. Entretanto, quando procurado pelos residentes, o Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde do Espírito Santo (Icepi-ES), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), afirmou que não há possibilidade de ter ocorrido esse tipo de equívoco e também não foi recebida nenhuma notificação de erro cadastral.

Yasmin afirma que o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, chegou a apontar a possibilidade de suspensão do programa a partir do dia 16, mas os residentes discordaram por não saber se a suspensão poderia implicar, por exemplo, no adiamento dos pagamentos. Ela alerta que, em tempos de pandemia do coronavírus, uma paralisação pode afetar as ações de combate à Covid-19.

A residente informa que os testes que o Governo do Estado fará nas casas para detectar possíveis vítimas da doença contará com profissionais do Programa de Residência em Saúde da Família, que é multifuncional. “Os residentes têm uma função muito importante, pois nas unidades de saúde em que atuamos, muitos profissionais estão afastados por serem do grupo de risco, terem sintomas gripais ou já estarem com Covid”, explica. 
Residentes do Programa de Residência em Saúde da Família de Colatina, Aracruz e do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim também estão com pagamento atrasado. Em Colatina e Aracruz, eles já estão paralisados desde a segunda-feira (11), conforme decisão do Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS), que na última sexta-feira (8) deliberou pela paralisação em todo o país a partir do dia 11. 
De acordo com uma residente de Colatina que não quis se identificar, o Ministério da Saúde começou a efetuar os pagamentos e, se todos tiverem recebido até a sexta-feira (15), eles retomam as atividades na segunda-feira (18). A residente afirma que, sem as bolsas, muitos não têm como se manter, pois vieram de outros municípios para fazer a residência. 
Segundo a terapeuta ocupacional e residente Jéssica Santos Silvatiti, de Aracruz, o Ministério da Saúde começou a efetuar os pagamentos esta semana, mas dos 12 residentes, três não receberam ainda. Mesmo que não recebam até sexta, os residentes retomarão as atividades, mas sem deixar de lado a mobilização para que todos tenham suas bolsas garantidas, como informa.


Em todo o país, residentes da área de saúde têm trabalhado sem receber a bolsa-salário à qual têm direito e em condições precárias, segundo o Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). A remuneração é no valor de R$ 3.330,43.

O anúncio do Ministério da Saúde de regularizar a situação até esta sexta foi feito após intervenção da Defensoria Pública da União (DPU), que oficiou a pasta, na última segunda-feira (11). O órgão exigiu que o ministério informasse publicamente o cronograma de pagamentos e prestasse esclarecimentos adicionais, como a situação da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS). As entidades representativas também acionaram o Ministério Público Federal (MPF).

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