O litoral do Espírito Santo é um local importante para as baleias Jubarte, espécie que pode chegar a 16 metros e 40 toneladas. Ponto privilegiado para o avistamento da espécie, recebeu no ano passado mais de 800 visitantes para os passeios de observação, vindos sobretudo de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de turistas estrangeiros de passagem pelo Estado.
O turismo de observação tem crescido nos últimos anos e vem sendo considerado uma possibilidade de fortalecer a preservação, dando visibilidade à existência das baleias junto a projetos de educação ambiental. A espécie esteve ameaçada de extinção, chegando a uma população estimada entre 500 e 800 animais. Nos últimos 30 anos, a população foi se recuperando e hoje se aproxima de 20 mil baleias.
O projeto de visitação para avistar as baleias no litoral capixaba começou há cerca de cinco anos, com a capacitação de mestres e donos de embarcação e guias e agências de turismo. Apenas dois barcos no Estado estão capacitados para fazer as visitas, que possuem uma série de regras, como distância mínima de 100 metros dos animais e não mais que 30 minutos de permanência nas proximidades das baleias.
“‘A Jubarte é uma mamífero super interessante, desperta curiosidade de cientistas e também de turistas. O ápice do avistamento é quando ela salta da água e praticamente voa, um animal daquele tamanho”, conta Sandro Firmino, diretor do Instituto Canal, que coordena junto com o Instituto Últimos Refúgios o Amigos da Jubarte, projeto que realiza capacitações, pesquisas, educação ambiental e outras atividades em torno das baleias.
Ele informa que atualmente são feitas pesquisas sobre o comportamento das Jubarte e os impactos dos portos sobre a vida delas, que também é afetada pela exploração de petróleo em alto mar, sobretudo pela emissão de sons e explosões submarinas para identificação e exploração de óleo e gás. A atividade pode atrapalhar a comunicação das baleias, que emitem uma espécie de canto como parte do ritual de acasalamento.
Todo ano, as Jubartes costumam chegar ao litoral em torno da plataforma de Abrolhos, entre Espírito Santo e Bahia, em junho para o período reprodutivo, que dura cinco meses. Então viajam até a Antártida e regressam no ano seguinte. Neste ano, chegaram um pouco mais cedo, quase um mês.
As visitas obviamente estão suspensa e aguardam a evolução da crise da Covid-19 para saber se será possível ou não realizar passeios até o fim desta temporada de passagem das baleias. Nos últimos três anos, a Amigos da Jubarte passou a realizar anualmente uma festa de comemoração pelo início da chegada das baleias ao Espírito Santo. Tocaram nas celebrações os cantores Armandinho, Moraes Moreira, em sua última apresentação no Estado, e Gabriel O Pensador, que fez um passeio para avistar as baleias.
Para este ano, diante do período de isolamento social, a cerimônia cultural comemorativa teve que ser cancelada, mas devem ser realizadas algumas atividades virtuais. Nesta sexta-feira (15), Gabriel O Pensador deve comentar sobre a experiência de visitar as baleias no Espírito Santo na “live” que realiza às 19h em seu Instagram. Na quarta-feira (20), às 16h, Sandro Firmino participar junto com Dorval Uliana, secretário de Turismo do Espírito Santo, de uma debate online sobre “O horizonte turístico no Espírito Santo: a observação de baleias em foto”, que será transmitido no Instagram da Amigos da Jubarte.