Fiscalização foi intensificada devido à denúncia de mortandade de peixes na Lagoa Grande
Os imóveis do bairro Ponta da Fruta, em Vila Velha, que estão ligados irregularmente à rede da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) serão notificados e desconectados pela Prefeitura Municipal. As ações terão início a partir da próxima semana, após a conclusão do mapeamento dos imóveis irregulares, que segue até sexta-feira (22).
A ação teve início nessa segunda-feira (18), após denúncia feita por moradores locais, de uma repentina mortandade de peixes na Lagoa Grande, importante área de lazer da população local e ponto turístico da cidade, muito frequentada por banhistas, declarada Área de Proteção Ambienta (APA) pelo município.
Em campo, os fiscais não constataram a morte dos animais, não tendo sido possível fazer coletas para análises. Mas a denúncia levou as equipes das secretarias municipais de Meio Ambiente e de Obras a intensificar a fiscalização sobre a conhecida grande quantidade de ligações clandestinas de esgoto de diversos imóveis às redes pluvial e de esgoto, de responsabilidade da prefeitura e da Cesan, respectivamente.
Segundo o agente de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Thiago Malta, a rede pluvial tem alguns pontos de lançamento de efluente (água de chuva) na lagoa e a rede de esgoto da Cesan está ligada a estações elevatórias no bairro que futuramente levarão o esgoto para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Terra Vermelha, não sendo permitida ainda a ligação das residências à mesma.
“Nós já vínhamos fazendo esse trabalho de fiscalização na região dentro de um plano de ampliação da rede de drenagem. A denúncia nos fez antecipar algumas etapas”, explica o agente de fiscalização.
Apesar das ligações clandestinas que estão sendo mapeadas, a prefeitura não acredita que tenha sido essa a causa da mortandade relatada pelos moradores, pois a balneabilidade da Lagoa Grande é própria, segundo as análises semanais realizadas. “Pode ter havido baixa oxigenação da água por outros motivos”, pondera o agente de fiscalização.
“Nesse momento será feito apenas uma avaliação da situação de modo a identificar onde estão localizadas e os moradores serão notificados, dado um prazo para que eles eliminem a ligação irregular. Em um segundo momento, esses pontos serão desconectados “, explicou o secretário municipal de Obras, Luiz Otávio de Carvalho.
O secretário de Meio Ambiente de Vila Velha, José Vicente de Sá Pimentel, ressaltou que a área é de conversação e precisa ser bem cuidada pela prefeitura e pelos moradores. “Sobretudo essa ação é de identificar esses problemas em torno da lagoa e tomar as medidas por meio da fiscalização para impedir esse dano ambiental e recuperar esse local”, explicou.
APA
A Lagoa Grande é uma formação lacustre costeira formada por avanços e recuos do nível do mar (regressão e transgressão marinha), que abriga espécies de moluscos, crustáceos, peixes e outras espécies animais e vegetais que se desenvolvem em sua extensão.
A APA da Lagoa Grande é uma unidade de conservação do grupo de Uso Sustentável, cujo objetivo básico consiste em compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, protegendo a diversidade biológica e disciplinando a ocupação do solo.
Com 2.719 hectares, é caracterizada por ecossistemas de restinga, áreas frágeis alagadas, córregos e a bacia de contribuição da Lagoa Grande. Em função da fragilidade desses ecossistemas, sua vegetação exerce papel fundamental para a estabilização dos sedimentos e a manutenção da drenagem natural.
A gestão dos ecossistemas lagunares costeiros é de fundamental importância para sua preservação e para o crescimento sustentável dessa região, no que diz respeito ao turismo, desenvolvimento urbano e ambiental, buscando a manutenção da qualidade de vida dos moradores da região.