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ES tem mais 802 casos confirmados e isolamento social em queda

‘Aumento do isolamento está nas mãos da população’, pede governador, ao apresentar nova Matriz de Risco

Rovena Rosa/Agência Brasil

Está nas mãos da população capixaba, mais do que nunca, aumentar o isolamento social e, consequentemente, a velocidade de contágio do novo coronavírus. O pedido foi feito pelo governador Renato Casagrande (PSB) na noite desta quarta-feira (20), ao apresentar a nova Matriz de Risco para a Covid-19 e afirmar que não há horizonte de adoção de novas medidas governamentais voltada à redução da interação entre as pessoas, para além do aperfeiçoamento da fiscalização e da intensificação da educação e comunicação com a sociedade

O momento é crítico. Minutos depois de encerrar sua fala, o Painel Covid-19 mostrou a confirmação de mais 802 casos e 21 mortes nas últimas 24 horas. Com a letalidade em 4,02% e a relação de uma confirmação para cada 2,13 testes feitos. Agora, são 8.495 casos confirmados e 346 óbitos pela doença no Espírito Santo. Isso com pouco mais de 2% da população tendo tido contato com o vírus, segundo estimativa feita com base na primeira fase do Inquérito Sorológico. “Imagine com 4%, 10%, 20-0% da população infectada, quantas mortes!”, alertou Casagrande.

O aumento exponencial das contaminações e das mortes tem como principal causa o baixo isolamento social do Estado, especialmente na região metropolitana. A meta é atingir pelo menos 55% de isolamento social, mas esse percentual cai dia após dia desde o primeiro dia de funcionamento do Plano de Convivência com a Pandemia, em 18 de maio.

O Plano visa sustentar a reabertura gradual e alternada do comércio de rua, por meio de medidas que compensem essa flexibilização econômica, como determinação de trabalho domiciliar para todos os trabalhadores com funções administrativas no comércio, indústria, serviços e setor público, além de distanciamento social no transporte coletivo e obrigatoriedade do uso de máscara nas ruas e estabelecimentos públicos e privados em todo o Estado.

Para o governador, o saldo desses primeiros dias de funcionamento do Plano é bom, pois, apesar da reabertura do comércio, o índice de isolamento “se manteve”. A avaliação, no entanto, considera apenas a comparação entre dias da semana específicos, quando o percentual da segunda-feira passada (18) foi alguns décimos maior que a da segunda-feira anterior (11), e assim sucessivamente.

As duas semanas, no entanto, mostraram comportamentos antagônicos, havendo um crescimento gradual do isolamento na semana que antecedeu o Plano de Convivência, e uma redução do isolamento durante a primeira semana do Plano, com os percentuais caindo um pouco dia após dia, chegando, nesta terça-feira (19), a 46% na Grande Vitória e 47,4% na média estadual.

Pessoas e municípios

Além de mais fiscalização e educação, o governo do Estado aposta em uma nova Matriz de Risco para aumentar o isolamento social, por meio de uma responsabilização maior das prefeituras e da população.

“A Matriz de Risco dará muita responsabilidade ao cidadão e aos municípios. A população, o prefeito, as lideranças vão ver: se não colaborar, aumenta a interação social, aumentam os casos, e o município pode entrar num isolamento mais radical”, explana Casagrande.

“Os municípios podem adotar medidas mais restritivas e nós continuaremos apoiando essas medidas. Quem conhece o seu município é o prefeito, o padre, o pastor, as lideranças, os moradores”, sublinhou, citando as cidades que estão apagando as luzes de praias e praças públicas e os prefeitos que decretaram fechamento severo do comércio e outras atividades econômicas e sociais.

“Só há duas formas de tratar a pandemia: ou as pessoas têm disciplina com o funcionamento das atividades econômicas, ou a gente para o Estado por um tempo até o índice de contaminações cair”, resumiu, mencionando capitais como São Luiz, Belém e Manaus, que já recorreram ao confinamento.

Em paralelo, a Secretaria de Saúde (Sesa) continua investindo na expansão do número de leitos hospitalares, devendo chegar a 1,040 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria até a próxima segunda-feira (25). “Mas a abertura de leitos tem um limite, um limite financeiro, de profissionais de saúde e de equipamentos. A gente está um passo à frente, mas a doença está sempre no nosso calcanhar”, admitiu Casagrande.

Por parte dos municípios, o governador ressaltou a necessidade de melhorar a atenção básica à saúde e fortalecer o trabalho das equipes de saúde da família, e ainda com o isolamento dos casos suspeitos de Covid-19.

“Independentemente do tamanho do município, que ele tenha um atendimento específico para doenças respiratórias, reservando unidades exclusivas ou alas exclusivas para isso. Separar esse atendimento dos demais pacientes, até testar e confirmar ou não a Covid”, orientou, lembrando direcionamento do secretário Nesio Fernandes, de que todo caso sintomático gripal deve ser considerado suspeito de Covid-19.

Matriz de Risco

A nova Matriz de Risco classifica o grau de risco dos municípios capixabas com base nas ameaças e vulnerabilidades frente à pandemia. A nova metodologia entra em vigor a partir do próximo domingo (24).

Essa é a terceira fase da Matriz de Risco, que levará em consideração também os índices de isolamento social e letalidade da doença, além do percentual da população acima dos 60 anos – considerado como grupo de risco. Serão mantidos como critérios de classificação o Coeficiente de Incidência de casos confirmados nos municípios e a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

De acordo com o governador, a nova Matriz de Risco prevê agora a classificação de Risco Extremo, além dos riscos Baixo, Moderado e Alto, que já existiam. O Risco Extremo acontece caso a taxa de ocupação dos leitos de UTI superem o percentual de 91%. 

Atualmente, não há nenhum município com risco extremo, mas já são onze os de risco alto: Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Cariacica, Fundão, Marataízes, Presidente Kennedy, Santa Teresa, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Apenas 22 estão com risco baixo e a maioria, 45, com risco moderado.

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