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Servidores de Cariacica denunciam sucateamento da Rede Psicossocial

O sucateamento da RAPS se aprofundou com a pandemia, como aponta sindicato em ofício à prefeitura

O Sindicato dos Servidores Municipais de Cariacica (Sindismuc) oficiou a gestão do prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Júnior (Cidadania), o Juninho, para reivindicar investimentos na Rede de Atendimento Psicossocial (RAPS) do município. De acordo com o sindicato, essa rede, que já era desestruturada antes da pandemia do coronavírus, está ainda mais sucateada. 

A entidade afirma que foram interrompidas consultas eletivas, visitas domiciliares e atendimentos coletivos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Além disso, com o afastamento dos profissionais do grupo de risco, foi reduzido mais ainda o número de psicólogos e assistentes sociais para atender à demanda de Atenção Básica de todo o município.

O Sindismuc relata que, no início de março, os servidores que atuam na Rede de Atendimento Psicossocial (RAPS)procuraram o sindicato para propor uma metodologia de enfrentamento à pandemia, apresentada à gestão municipal, que não deu nenhuma resposta. 

De acordo com os servidores, das cerca de 30 unidades básicas de Cariacica, apenas quatro fazem parte da Rede de Atendimento Psicossocial, e ficam nos bairros Itaquari, Cariacica Sede, Bela Aurora, Jardim América e Morada de Santa Fé. Entretanto, servidores relataram para o sindicato que somente as de Cariacica Sede e Jardim América, onde funciona o Programa Municipal de Álcool e Outras Drogas (Promad), têm psicólogo, e é somente um. 
O mesmo acontece com o Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS I), em Rosa da Penha, conquistado, de acordo com o sindicato, por meio de ação judicial movida pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) e pela Defensoria Pública da União (DPU). Na de Morada de Santa Fé, afirmam, havia uma psicóloga, que foi afastada das atividades por fazer parte do grupo de risco da Covid-19. 
Os trabalhadores relatam que foi feito processo seletivo no final de 2019, mas a prefeitura não chamou os nove psicólogos e os 10 assistentes sociais classificados. Eles lutam para que pelo menos mais quatro unidades básicas de saúde integrem a RAPS, totalizando oito, com, pelo menos, um psicólogo e um assistente social em cada. Também reivindicam a contratação de psiquiatra, já que não há nenhum na rede municipal de saúde. 
O Sindismuc aponta, ainda, que em 2018 a prefeitura recebeu verba de emenda parlamentar para construção do CAPS AD III, que foi revertida para a compra de equipamentos de escritório e construção do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). O sindicato conta que o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) moveu duas ações civis públicas para implementação do CAPS AD III e CAPS III. 
A entidade denuncia também que servidores da área da saúde estão tendo desconto no adicional de insalubridade, mesmo justificando ausência no trabalho por motivos de saúde, e que eles têm seu cotidiano de trabalho precarizado pela lentidão no atendimento aos processos. Respostas para solicitação de férias, equipamentos de trabalho e outros também chegam a demorar cerca de oito meses, isso quando os trabalhadores recebem alguma.

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