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Estimativa de infectados no ES passa de 295 mil, equivalente a 7,36% da população

‘Vivemos uma fase de aceleração da curva de transmissão’, afirma secretário Nésio Fernandes

Os números da terceira fase do Inquérito Sorológico para Covid-19 no Espírito Santo “representam explicitamente a vivência de uma fase de aceleração da curva [de crescimento da doença]”. A avaliação é do secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, declarada durante coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (13). 

Os testes e questionários realizados em mais de quatro mil residências, nos dias 8, 9 e 10 de junho, resultaram em uma estimativa de 295.773 pessoas contaminadas no Estado, o que equivale a uma prevalência (percentual de pessoas infectadas) de 7,36%.

Considerando os limites inferior e superior de variação, segundo a margem de erro possível da metodologia, o total de pessoas que já tiveram contato com o vírus varia entre 265.232 e 327.315 mil.

Os números preliminares, ainda passíveis de revisão, apontam que, do total de 295 mil no Estado, 175 mil estão na Grande Vitória (8,88% da população) e 51 mil no interior (2,52%). Na primeira etapa, a estimativa era de 55 mil infectados na Grande Vitória (2,79%), 6,5 mil no interior (0,32%) e 88 mil no Estado inteiro (2,1%).

A velocidade de transmissão reduziu um pouco. Entre a primeira e a segunda etapa do inquérito sorológico, foi de 144% no Estado, de 136% na Grande Vitória, e 318% no interior. Entre a segunda e a terceira, foi de 43% no Estado, 34% na Grande Vitória e 88% no interior.

Os números, no entanto, demonstram “uma ampla velocidade de transmissão da doença, uma fase de ascensão do número de casos e uma parcela importante da população já em contato com o vírus”, ressaltou o secretário.

O coeficiente de transmissão (Rt) atual é estimado em 2,1 no interior, de 1,6 no geral do Estado e de 1,5 na Grande Vitória, evidenciando um “descontrole no comportamento da pandemia e crescimento acelerado”, sublinhou o gestor, destacando que ainda não há um grau de isolamento social suficiente para romper cadeia de transmissão.

“Sem distanciamento social, sem evitar contato direto das pessoas, não vamos poder vencer a pandemia”, disse, o que provocará ocupação maior dos leitos de UTI e consequente necessidade de medidas de restrição máxima.

Duas ondas

Nésio Fernandes explicou que a pandemia no Estado se comporta em duas ondas distintas, uma na Grande Vitória e outra no interior, onde a prevalência está três semanas “atrasada” em relação à região metropolitana.

“Essas duas ondas podem ser traduzidas para a possibilidade de que, no futuro, quando a Grande Vitória conhecer a fase de estabilização, ser possível haver uma segunda onda. A onda da grande vitória poderá ter características diferentes do interior, por conta desse atraso epidemiológico”, declarou.

Perfil sociodemográfico

A terceira fase do inquérito também mostrou que as populações parda e preta têm maior incidência de contaminação. Mesmo representando 46% e 13% respectivamente, das pessoas amostradas, somam o equivalente a 51% e 17% das pessoas positivadas.

Outra constatação semelhante à da segunda etapa do inquérito é o “aumento da positividade de casos em domicílios com mais de quatro pessoas”, pois esses domicílios somam 33% das amostras e 48% do total de positivos.

Igualmente se manteve baixo o percentual de pessoas positivadas que procuraram serviços de saúde para diagnóstico e notificação: apenas 39% nessa terceira fase.

O percentual de pacientes assintomáticos nessa terceira etapa foi de 28,2% do total de positivos e de 40% o de pacientes com quatro ou mais sintomas.

A perda da capacidade de sentir olfato e sabor continuou sendo o sintoma mais comum, seguido de tosse e dor de cabeça, além de cansaço e dor muscular.

100 dias de pandemia

Durante a apresentação, o secretário Nésio Fernandes e o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, afirmaram que, aos 100 dias da pandemia no Espírito Santo, com a marca de mil mortos, ainda não se sabe “qual o percentual da população que de fato precisa ser exposta ao vírus pra ter estabilização da doença”.

Afirmando que, mesmo tendo havido um aumento de leitos hospitalares equivalente a 10 hospitais de campanha com 120 leitos, e com previsão de chegarmos a 800 leitos de UTI exclusivos para Covid-19 até o final de junho, apenas o distanciamento social pode conter a crise

“Não vamos vencer a pandemia com leitos hospitalares, vamos vencer com distanciamento social. Para derrotar a pandemia é necessário avançar no aumento do distanciamento social e no diagnóstico e distanciamento dos infectados”, afirmou, lembrando que a média estadual tem sido de 44% de isolamento, muito baixo para conter a pandemia.

Reblin destacou ainda que o inquérito sorológico que está sendo feito para a Covid-19 vai permitir conhecer a realidade também de outras doenças, como dengue, zika, chikungunya e sífilis, a partir da aplicação de inquéritos semelhantes para elas.

A quarta etapa do inquérito da Covid-19 está prevista para ser realizada nos dias 22, 23 e 24 de junho.

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