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Casa de quarentena precisa de apoio do Estado e da prefeitura de Vitória

Valor necessário, dividido por 180 pessoas atendidas em 90 dias, é 10 vezes menor que a diária de UTI

Ateliê de Ideias

São necessários cerca de R$ 400 mil para viabilizar a primeira casa de quarentena capixaba, projetada para funcionar no Território do Bem, em Vitória, atendendo a 30 pessoas por vez durante 90 dias, totalizando 180 diárias.

O montante é grande para os padrões de projetos comunitários da região, uma das mais carentes de equipamentos públicos essenciais da cidade, mas é pouco se considerados os benefícios que uma casa de quarentena produz em progressão geométrica para toda a região metropolitana. 


Com o atual índice de transmissão (Rt) em 1,5 na Grande Vitória, segundo a terceira etapa do inquérito sorológico, cada 10 pessoas contaminadas pela Covid-19 estão transmitindo o vírus para outras 15 e essas 15 para outras 22, e assim sucessivamente.

O valor se mostra ainda mais modesto quando comparado com o preço de R$ 1,6 mil por diária de UTI pago pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) aos hospitais particulares e filantrópicos contratualizados.

Coordenadora da ONG Ateliê de Ideias, idealizadora da Casa de Quarentena, Denise Babieri Biscotto conta que o projeto surgiu em março, no início da pandemia no Espírito Santo, “quando vimos as domésticas começarem a voltar pra casa doentes e contaminarem as suas famílias”, recorda. A previsão imediata, conta, foi de uma tragédia crescente, considerando o padrão mais comum das residências na região, com famílias numerosas dividindo lares com poucos cômodos, via de regra sem portas e com único banheiro, muitas vezes em condições precárias.

Inicialmente pretendeu-se atendimento para 50 pessoas, mas ao longo do tempo o tamanho foi reduzido, em nome de uma possível viabilização mais rápida, para 30 pessoas por vez. Assim, o valor restante refere-se à alimentação, à lavanderia e à contratação de cuidadoras para as pessoas atendidas no período, explica Denise. Os demais recursos já foram garantidos ao longo dos três meses que o projeto vem sendo apresentado a potenciais apoiadores no setor público e privado.

O mobiliário garantido pelo Instituto Unimed e pela ArcelorMittal; e a interação da Casa com as redes de saúde públicas acordados pelas secretarias de Saúde de Vitória e do governo do Estado, além de contar com apoio da Arquidiocese de Vitória, de diversos departamentos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), do Fórum Bem Maior e da Federação das Fundações e Associações do Terceiro Setor do Espírito Santo (Fundaes). 

Já o prédio, chegou a ser prometido pela prefeitura, em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), mas depois o Município decidiu por uma estrutura maior, como a que foi montada no Sambão do Povo, o que inviabilizou a negociação sobre a verba que o governo do Estado prometeu alocar no projeto. Por falta de entendimento político entre os dois entes, relata Denise, a Casa não saiu do papel.

O Ateliê se inspirou em iniciativas em funcionamento, com sucesso, em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, especialmente em Paraisópolis e entende que o ideal é cada comunidade ter a sua casa, ao invés de uma estrutura maior e mais distante. “Estudos indicam que o doente deve ficar abrigado em até 3 km de distância do seu bairro”, argumenta Denise. “É motivo de grande tristeza pra gente não ter esse projeto viabilizado ainda”, lamenta, ainda com um fio de esperança que ele aconteça, pro bem maior do Território do Bem e de todo o Espírito Santo. 

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