Feita reaproveitando forro de PVC, obra de Jonas da Conceição estará em exposição itinerante por Cariacica
Filho de uma famílias de pescadores e marisqueiros, Jonas da Conceição herdou o gosto pela arte da mãe, que vendia esteiras de taboa na antiga Vila Rubim. Morador de Porto Novo, em Cariacica, ele instalou hoje a escultura “Hahasiah”, com quase quatro metros de altura, que ficará exposta por duas semanas no pátio da prefeitura do município, de frente ao Hospital Meridional.
Com a figura de um anjo usando máscara, e estetoscópio, a proposta do artista é homenagear os profissionais da saúde que se desdobram neste momento de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, como uma homenagem e forma de chamar atenção da população para esses trabalhadores, como médicos, enfermeiros, atendentes e profissionais de limpeza.
“Fiz a obra para representar esse momento que estamos passando. Percebi que ninguém tinha feito uma menção que seja honrosa para esses que estão na linha de frente do enfrentamento da pandemia, inclusive sofrendo e morrendo como muitos brasileiros”, comenta o artista
Jonas fez a peça por conta própria, aproveitando uma grande quantidade de forro de PVC que havia encontrado e fios de telefone. “O pessoal andou jogando fora e eu juntei um bocado. Sou uma espécie de acumulador”, diz sobre os materiais que vai encontrando e guardando no quintal de sua casa, que serve também de ateliê, no fim de uma rua próxima ao mangue e aos trechos finais do Rio Santa Maria, que vai desaguar entre Vila Velha e Vitória. Levou tempo pensando sobre a necessidade de construir uma obra neste momento de crise e pandemia e, depois de planejar e pesquisar, precisou de duas semanas para erguer a obra.
Hoje Jonas vive com o que ganha da arte, por meio de quadros, esculturas e principalmente caricaturas, que costumava fazer na feira da Praça dos Namorados, em Vitória. Já trabalhou como carteiro, ajudante de obras e também como gesseiro, esta última profissão que entende como quase artísticas. É justamente com gesso que produz algumas obras, além de usar também fibra, como na série de trabalhos que fez para o Museu Intercontinental África-Brasil, em São Mateus, norte do Estado, representando negros escravizados e quilombolas em tamanho real. Mas com reaproveitamento de forro de PVC, foi a primeira vez que trabalhou.
A secretária de Cultura de Cariacica, Renata Weixter, conta que a prefeitura está dando suporte para a exposição pública da obra, que deve ser colocada em locais de visibilidade do município de forma itinerante. Depois de duas semanas na sede da prefeitura, a ideia é que circule por unidades de saúde, praças, Câmara Municipal e outros espaços, de modo que esteja visível sem gerar aglomerações.
“Queremos que a obra ande pelo município fazendo uma homenagem e também incentivando outros artistas para que usem esse período para produzir colocando desejos, ideias e frustrações para fora, transformando tudo isso em arte”, exalta Renata.