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Filme Veias e Vinhos retrata a época da fundação de Brasília melhor que outros relativamente mais famosos

Não se deixe enganar pelo péssimo trailer. Os parcos recursos financeiros do filme também podem afugentar os exigentes, mas a verdade é que este esquecido Veias e Vinhos retrata a época da fundação de Brasília melhor que outros relativamente mais famosos.

O filme é uma adaptação de um livro de mesmo nome do escritor Miguel Jorge e o roteiro foi escrito pelo autor com o auxílio do diretor João Batista de Andrade.

Matheus muda-se do interior para a nova capital Goiânia em busca de um melhor padrão de vida. Ele abre um armazém, e confiante no futuro do negócio, pede emprestado a um velho amalucado da região o capital de giro para iniciar. No dia da inauguração, o capitão temido pelos frequentadores prende em flagrante na frente de todos, no armazém cheio de clientes, o bandido flecha. É claro que o incidente afugenta os fregueses.

Mesmo não encontrando nenhuma irregularidade no dia da festa, o capitão mal-encarado volta no dia seguinte ao estabelecimento para averiguar a presença de possíveis vagabundos ou criminosos ali e nos arredores. Ele questiona as preferências de Matheus acusando seus ídolos políticos de comunistas, as generalizações dele em 1959 não diferem muito das de outro capitão e de sua camarilha em 2020.

Um dia um sujeito mostra uma gravação e Matheus fica deslumbrado com um pequeno filme sobre Brasília, o que atiça ainda mais seu interesse pela nova capital do país. Ele compra um lote na beira do lago Paranoá, quando ninguém acreditava que a utopia de JK pudesse dar certo.

O capitão volta ao armazém no dia da posse de João Goulart para acusar todos os clientes, comemorando ou não, entusiasmados e céticos de subversivos, a situação esquenta entre ele e o motorista Paulo Vitor, gerando grande indignação. Ninguém gosta do capitão, mesmo assim, ele continua voltando.

Sua interferência é tão intrusiva e totalitária que Matheus não aguenta e sai em defesa do amigo. Seu gesto de autodefesa leva-o para a lista negra dos subversivos. A esposa de Matheus alertou várias vezes que não se deve falar de política, na verdade o controle ultrapassou mais barreiras do que o tolerável.

Assustado com o clima hostil de Goiânia, Matheus se muda com a família para um terreno adquirido anos atrás, mas prefere ir de carro sozinho primeiro para conhecer o local. Ao chegar em Brasília, descobre que sua escritura é falsa e que o lote vendido ficava dentro do perímetro do lago, segundo um pescador local, casos como esse são comuns na cidade e são mesmo, inclusive nos dias de hoje, sendo prática comum até nos órgãos oficiais da administração pública, como a terracap.

Matheus volta a Goiânia desenxabido e atende o pedido de asilo do seu amigo e cliente Altino, segundo ele um homem esquisito, mas de confiança. Matheus e a esposa trabalham durante o dia e Altino, que não tem onde morar, fica com as crianças. Ele escuta de soslaio o filho mais velho de Matheus dizer que a polícia o está perseguindo. Altino suspeita que a causa seja sob sua liderança de quando servia na Marinha e, percebendo o perigo, faz as malas e desaparece.

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