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Identidades dos beija-flores da Mata Atlântica reunidas em livro

Obra de Piero A. Ruschi se propõe a ter uso prático por todos os amantes da natureza, de iniciantes a profissionais

Divulgação

Inaugurando os trabalhos do Memorial Augusto Ruschi, o livro Beija-flores da Mata Atlântica apresenta ao público amante da natureza as identidades dos organismos favoritos do Patrono da Ecologia do Brasil.

A obra é de autoria do biólogo Piero A. Ruschi, especialista em beija-flores, como o pai, e fundador do memorial em sua homenagem. Em suas páginas, trata das 43 espécies que ocorrem no bioma atlântico, contando a história de vida de cada uma, sua história evolutiva, graus de parentescos entre elas, fisiologia, ecologia e dezenas de curiosidades. 

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O livro, conta Piero, reúne suas vivências e pesquisas desde a infância até a pós-graduação, e é fruto de um trabalho de mais de dez anos de idealização e elaboração das bases do material, que foi produzido durante esses quatro primeiros meses de quarentena em decorrência da pandemia. 

O conteúdo é apoiado em informações científicas e observações pessoais. “Traz uma base científica refinada e é transcrito numa linguagem muito simples, acessível para um público muito diverso, de variadas idades”, afirma. 
Fazendo jus ao primoroso texto, as mais de 100 imagens de alta qualidade revelam o trabalho de mais de uma dúzia de fotógrafos que dominam a arte de fotografar beija-flores em várias partes do Brasil e também do exterior, um time que mescla fotógrafos famosos, iniciantes, amadores e profissionais. “É um testemunho de como a qualidade da fotografia de aves no Brasil está em um elevadíssimo nível. Está na crista da onda”, observa. 
Reprodução

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A união do rigor científico com a linguagem leiga faz com que atenda desde iniciantes nos estudos do mundo natural, até profissionais da arte de observação das aves, que podem enriquecer seus conhecimentos sobre os colibris. Com uma estrutura também bastante simples, o livro tende a ser “de uso muito prático e intuitivo, fugindo um pouco do formato tradicional de livros dessa temática”, pontua. 

Passo-a-passo da identificação

A publicação traz ainda um passo-a-passo para identificar cada uma das espécies, com dicas de como e onde encontrá-las, como atraí-los e como se posicionar para melhor observá-los. Há muitos detalhes preciosos que identificam as espécies. Padrões corporais que vão muito além do tipo de bico e de cauda, conta Piero. 

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Quanto ao seu comportamento, os beija-flores se dividem em quatro alimentares: territorialistas, os generalistas, os mapeadores de alta recompensa, e os mapeadores de baixa recompensa. 

Enquanto os primeiros são “brigões”, defendendo o seu território de alimentação, os segundos alternam comportamento em função da disponibilidade de comida. 

Já os mapeadores de alta recompensa rondam o ambiente em busca de fontes de néctar específico, que são as flores mais compridas, que só eles conseguem acessar com seu bico mais longo e curvo, fazendo um circuito que segue um mapa intuitivo, para acessar as flores à medida que eles fornecem o néctar, e mantendo uma constante competição entre seus pares.

E os mapeadores de baixa recompensa, com bicos mais curtos, também fazem mapas do território e se deslocam seguindo um circuito intuitivo, pois não conseguem disputar o alimento na força, com os territorialistas. Diferenças, sublinha Piero, ligadas ao grupo evolutivo ao qual cada espécie pertence. 
Arquivo pessoal

Mais prazer na observação


A obra, salienta Piero, é a primeira, nos últimos 38 anos, a cumprir o propósito de aproximar as pessoas dos “mais ilustres habitantes da cidade”, como dizia o naturalista, que lançou Beija-flores do Espírito Santo quando ainda administrava o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, por ele fundado em 1949 em Santa Teresa, região serrana capixaba. 

O arquivo da publicação já está pronto e o autor busca apoio para a impressão. “Que tipo de apoio a gente busca? De entidades que compartilhem dos mesmos ideais de respeito ao meio ambiente que meu pai defendia”, afirma o autor. 

“Papai tem uma frase em que diz que ‘seria um errante se não conhecesse mais a vida dos beija-flores’. Eu penso que seria um errante se não ajudasse as pessoas a conhecerem mais a identidade dos beija-flores da Mata Atlântica. Eu sou uma testemunha de que observar os beija-flores conhecendo a identidade deles aumenta ainda mais o prazer e o benefício da contemplação da natureza”, assegura.

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