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Senhores passageiros, o avião sumiu

Se eu não viajar, perco o bilhete e os meus dólares, o que é economicamente incorreto

Por razões óbvias, quando tudo foge ao normal, não estou desfrutando minhas férias habituais na terra de Coutinho. Ou dos puris, para ser historicamente correta. Iria eu nas asas da Azul ou da Tam? Ou Lan, para ser economicamente correta. No entanto, houve tempos em que minha travessia do Equador ocorria em outras aeronaves, e um estudo sobre a decadência/sobrevivência das empresas aéreas mostraria as transformações que constantemente abalam a economia mundial. 

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Em quantas dessas linhas aéreas já viajei perdi a conta: Transbrasil, Vasp, Varig… Aerolineas Argentinas, Swiss Air, Lufthansa, Qantas, Air China, American, Delta, United, Southwest… a lista retrocede aos tempos da poderosa Pan American, Panan para os íntimos, sempre lembrada pelo tempo que dominou os céus sobre nossas cabeças. Nela fiz meu primeiro voo internacional e fiquei pasma com o tamanho do jumbo. Cruzou os ares por muitos anos, esfacelou, virou nuvem de fumaça.

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As voadoras americanas ainda ocupam os quatro primeiros lugares no ranking das maiores do mundo. Pudera, o que essa gente viaja! A LAN ocupa a 11ª posição, honroso feito considerando-se o número de empresas aéreas no mundo todo, muitas delas onde o povo tem mais dinheiro, vive melhor e voa mais. Mas o futuro é uma incógnita, e nada será como dantes no quartel de Abrantes, ainda dizem por aí. Tudo vai mudar, e veremos quais vão levantar voo, quais vão para o hangar. No entanto, continuaremos voando.

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Nessa disputa pelos ares, a Varig também marcou forte presença, por muitos anos cotada entre as melhores. Talvez minha memória embaralhe os fatos, mas a empresa inovou em muitos itens e melhorou consideravelmente nosso jeito de voar, como na qualidade das refeições servidas a bordo e ao fornecer grátis muitas coisas que as outras empresas cobravam, como o fone de ouvido para o filme. A Panan cobrava a bebida e o filme. Mas a melhor mudança oferecida pela Varig foi de atendentes de bordo simpáticos e atenciosos, o que nas outras empresas era raro.

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Hoje o modo de voar está retrocedendo no lado do passageiro, com redução drástica de bagagem, assentos cada vez mais exíguos e mais exigências na compra de passagens. Algo me parece errado nesse contexto: se compro um bilhete de viagem sou a dona desse bilhete, e dele deveria dispor como melhor me aprouver, como por exemplo, repassá-lo para terceiros. No entanto, se eu não puder viajar, perco o bilhete e os meus dólares, o que é economicamente incorreto. Como não dizem por aqui, user unfriendly.

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Antigo seriado americano, Sanford & Son – quem passou dos 100 talvez se lembre – teve um episódio onde Sanford viaja em um avião onde tudo é cobrado, até a ida ao banheiro. Acho que chegaremos em breve a esse ponto: já pagamos pelas malas despachadas, e em breve vão nos cobrar a comida, o filme, a bebida, o banheiro, até mesmo falar com as/os atendentes. Volta ao passado: as outrora chamadas aeromoças tinham que ser bonitas e viajar bem produzidas, porque as empresas queriam incentivar as pessoas a viajar mais, e a maioria dos viajantes era do sexo masculino.

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