Localizada ao lado de uma torre, comunidade de São Domingos está preocupada com trabalho e saúde
A população do quilombo de São Domingos, em Conceição da Barra, norte do Estado, está revoltada com a empresa de telefonia Vivo. Desde a última sexta-feira (10), a comunidade está sem sinal da única operadora que funciona na região. Ironicamente, uma torre de telefonia se situa dentro da região do quilombo, embora a comunidade alegue nunca ter sido consultada nem indenizada pela instalação no território.
Caso o problema não seja resolvido, os moradores ameaçam realizar um ato de protesto nesta quarta-feira (15), que pode ter medidas mais drásticas, como ocupação de torre e obstrução da BR-101.
Os moradores reuniram diversos relatos sobre a situação, a insatisfação com os serviços da companhia, e as tentativas não resolvidas de solução. Os que possuem serviço de internet de outra empresa estão conseguindo utilizar o WhatsApp para se comunicar e organizar.
“Somos trabalhadores, cumprimos com nossos compromissos. Eu trabalho na agricultura familiar como cada um que mora na comunidade. Estou desde sexta-feira sem poder fazer prestação de contas e minha previsão de entrega. Vou ficar sem poder entregar essa semana por causa da Vivo. Quando passa um dia sem pagar a conta, eles cobram dia e noite, e depois ficam com esse descaso com a gente. Dá uma indignação, uma revolta”, disse Delma Graciano de Oliveira.
Outra moradora, Lenilda Alacrino, manifestou a preocupação dos moradores diante da pandemia da Covid-19, já que em caso de emergência, a população que já tem dificuldades com transporte, ainda fica prejudicada no pedido de socorro. Lenilda conta que também está preocupada com parentes idosos que vivem distantes e com quem não está conseguindo se comunicar.
Os moradores que possuem sinal de internet com outra operadora vêm se comunicando por meio do WhatsApp, mas não conseguem informações e respostas da Vivo, já que o atendimento é feito principalmente por telefone e pelo aplicativo de internet. Após acionar parentes que residem fora da comunidade, alegam que a empresa prometeu enviar equipe técnica nessa segunda e também na terça-feira, mas esta nunca chegou.
Em março, antes do início das medidas de isolamento social, moradores de São Domingos já haviam acionado o Ministério Público Federal (MPF), com um abaixo-assinado pedindo que intercedesse para que a comunidade pudesse utilizar a torre localizada em seu território há 40 anos, para instalar uma antena de acesso à internet devido às grandes dificuldades existentes e a utilidade para as crianças em pesquisas escolares, emissão de nota fiscal pelos agricultores, entre outros.
Consultada pela reportagem, a Vivo respondeu que “não tem registro de problemas massivos em São Domingos e que está avaliando seus equipamentos para eventual correção de problemas pontuais e tomar as providências que se fizerem necessárias”, informou por nota.