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Eleição da Associação de Folclore é cancelada em Conceição da Barra

No dia do pleito, prefeitura não autorizou uso do ginásio para assembleia que seria presencial

Depois de causar polêmica por convocar uma assembleia presencial em plena pandemia, a Associação de Folclore de Conceição da Barra (AFCB) teve sua eleição que aconteceria nessa terça-feira (21) cancelada após a Prefeitura de Conceição da Barra indeferir o pedido de uso do Centro Esportivo e Cultural Aluízio Feu Smiderle, ginásio localizado na sede do município, para a atividade.

A prefeitura usou como base os decretos de calamidade pública por conta da pandemia do novo coronavírus, e notificou o representante da entidade a evitar qualquer tipo de aglomeração. “A Administração Municipal expediu diversos decretos estabelecendo medidas de prevenção e combate à pandemia, nos quais está expressamente proibida a realização de eventos que resultem em aglomeração popular”, alegou em nota a a gestão de Mateusinho Vasconcelos (PTB).

A decisão não deixou de causar certa curiosidade, já que segundo a Associação de Folclore, o edital de convocação haveria sido pregado desde o dia 14 na própria sede da prefeitura e também da entidade, porém, apenas no dia do pleito e após denúncias da mídia e membros de grupos folclóricos que a prefeitura decidiu agir.

“Ao tomar conhecimento da iminente realização da assembleia geral pela Associação de Folclore de Conceição da Barra, o Comitê Gestor do Plano de Prevenção e Contingenciamento em Saúde do COVID-19 e a Gestão Municipal de Segurança e Defesa Civil notificaram a entidade, recomendando que fosse evitado qualquer tipo de aglomeração, sob pena de adoção de providências legais cíveis e criminais”.

O episódio parece fruto de uma série de manobras e trapalhadas entre a gestão municipal e da entidade. A convocação da eleição, segundo o presidente da Associação, Lucas Oliveira, atenderia à necessidade de adequação para participar de um edital para eventos virtuais ou semipresenciais lançado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Porém, vai na contramão das próprias indicações do município e da Comissão Espírito-Santense de Folclore, que no início da pandemia recomendou adiar eventos e resguardar os mestres e brincantes que integram grupos de risco, sendo que muitos deles possuem idade avançada: “É tempo de zelar do mais precioso tesouro da cultura popular capixaba: nossos mestres e mestras, cujos conhecimentos são inestimáveis e imprescindíveis à permanência atual das celebrações e à sua transmissão para as gerações futuras”.

A estranheza do caso aumenta pelo fato de que Lucas Oliveira foi contratado em março para integrar a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, na gestão recém-empossada de Mateuzinho, ex-vereador e presidente da Câmara Municipal, que assumiu o município após a cassação do prefeito Francisco Vervloet, o Chicão (PSDB), e seu vice, por abuso de poder político

Filho do ex-prefeito Mateusão, condenado por desvio de verbas, Walyson José Vasconcelos, o Mateusinho, assumiria um mandato tampão até convocação de novas eleições. O pleito suplementar municipal, no entanto, foi cancelado em decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), justamente devido à pandemia, mantendo o ex-vereador no cargo executivo.

De lá pra cá, os números de infecções e mortes que eram baixos no município tiveram crescimento, especialmente em julho, quando a Associação de Folclore marcou sua assembleia, alegando que tomaria os cuidados sanitários necessários.

Integrantes de grupos folclóricos ficaram sabendo poucos dias antes sobre a eleição da AFCB e mostraram desacordo com a decisão que sugeriu expor os mestres idosos a risco ou fazer eleição sem sua presença. Mesmo assim, um grupo de oposição à atual gestão se mobilizou em poucos dias e conseguiu inscrever uma chapa concorrente, o que contribuiu para tensionar ainda mais o processo.

A Associação de Folclore de Conceição da Barra é uma das mais importantes entidades do setor no Estado, já que o município tem o título de Capital Estadual da Diversidade Folclórica, por possuir dezenas de grupos de diversas manifestações de cultura popular, como Jongo, Reis de Rois, Ticumbi, Alardo, Pastorinhas e Capoeira.

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