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‘O Estado ignora a exploração que vivemos’, denunciam entregadores de aplicativos

Em nova paralisação, trabalhadores sairão da Praça dos Namorados rumo à Assembleia Legislativa

Os trabalhadores de aplicativos de entrega do Espírito Santo se concentrarão às 9h na Praça do Namorados, em Vitória, para uma nova paralisação nacional da categoria no próximo sábado (25). Eles seguirão rumo à Assembleia Legislativa, na Enseada do Suá. “Vamos até a Assembleia para chamar atenção do Estado, que ignora a exploração na qual vivemos”, diz o integrante do Coletivo Entregadores Antifascistas ES, Victor Lemão.

Em preparação para a manifestação, será realizada nesta sexta-feira (24) uma oficina de reparo de bike, das 13h às 17h, na praça do Carone, em Jardim da Penha. No sábado os trabalhadores também divulgarão publicamente, por meio de carta, suas reivindicações, além de relatarem a realidade do cotidiano da atividade. Entre as reivindicações, estão o aumento do valor pago por quilômetro e do mínimo, o fim dos bloqueios indevidos, implantação de seguros de roubo, acidente de vida, e auxílios alimentação e pandemia, para poderem se prevenir durante as entregas.

O movimento também está alinhado a pautas que dizem respeito a toda classe trabalhadora, como o fim da retirada de direitos. O Sindicato dos Trabalhadores de Aplicativos do Espírito Santo (Sintappes), que ainda não foi formalizado, apoia o ato do dia 25, de acordo com Gessé Gomes de Souza Júnior, uma de suas lideranças.

Na primeira paralisação, que aconteceu em primeiro de julho, os trabalhadores interditaram a Avenida Reta da Penha, na altura da Petrobras, sentido Centro de Vitória. O protesto teve concentração às 8h, em Jardim da Penha, na Praça Regina Frigeri Furno (Praça do Epa). Posteriormente, seguiu para a Reta da Penha, em frente ao edifício Corporate Center, onde funcionam os escritórios de duas empresas de aplicativo.

Lemão afirma que a realidade dos entregadores é de precariedade, pois não têm lugar para beber água, possibilidade de ir ao banheiro, e as empresas não toleram o mínimo de atraso na busca da entrega. 

O integrante do Coletivo Entregadores Antifascistas ES relata que essa realidade se tornou ainda pior com a pandemia do coronavírus. Não há disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara e álcool em gel; pagamento de insalubridade; e, apesar de o lucro das empresas ter aumentado significativamente, as promoções foram retiradas. Segundo Lemão, antes, as empresas faziam promoções sazonais, nos quais davam um valor a mais por cada entrega feita em um dia específico.

Outra queixa é que a quantidade de entregadores aumentou durante a pandemia e não há demanda para todos, mesmo assim, as empresas continuam contratando.

Dados

Levantamento da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) informa que 60,3% dos entregadores entrevistados tiveram queda na renda durante a pandemia, contra apenas 10,3% que tiveram aumento nos ganhos. O número dos trabalhadores que ganhavam menos de um salário mínimo por mês praticamente dobrou, alcançando 35,7% do total, enquanto os que ganhavam mais que o equivalente a dois salários mínimos caiu da metade do total para 25,4%.

Segundo a pesquisa, 56,4% dos trabalhadores exercem as entregas por mais de 9 horas por dia. Além disso, 52% dos entrevistados trabalham todos os dias e 25,4% trabalham seis dias da semana, totalizando 77,4% no que a Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) considera como trabalho a ser caracterizado como ininterrupto. A pesquisa foi realizada por meio de questionários online a 252 entregadores de 26 cidades.

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