Trabalhadores de aplicativos de entrega do Espírito Santo aderiram à paralisação nacional da categoria neste sábado (25), com a realização de um ato em Vitória para dar visibilidade às reivindicações. Eles se concentraram às 8h na Praça dos Namorados, de onde seguiram rumo à Assembleia Legislativa. Segundo o integrante do Coletivo Entregadores Antifascistas ES, Victor Lemão, a escolha do ponto de chegada foi para chamar atenção ao fato de que o Estado ignora a situação de exploração na qual vivem.
“As empresas oprimem, mas o Estado finge que não vê, deixa acontecer, e até incentiva. O Judiciário também é uma peça importante na manutenção da exploração. Em São Paulo, por exemplo, o Ifood foi condenado a pagar um auxílio para entregadores infectados pela Covid-19, mas uma juíza derrubou a decisão alegando que a empresa não tem obrigação de fazer isso, porque os trabalhadores não têm vínculo”, diz Lemão.
O ato teve o apoio do Fórum Capixaba em Defesa da Vidas das Trabalhadoras e Trabalhadores, que conta com cerca de cinco entidades. Entre as reivindicações dos trabalhadores de aplicativos de entrega estão o aumento do valor pago por quilômetro, o aumento do valor mínimo, o fim dos bloqueios indevidos, implantação de seguros de roubo, acidente de vida, e o pedido de auxílio alimentação e auxílio pandemia, para poderem se prevenir durante as entregas.
O movimento também está alinhado a pautas que dizem respeito a toda classe trabalhadora, como o fim da retirada de direitos. Lemão afirma que a realidade dos entregadores é de precariedade, pois no cotidiano do trabalho, eles não têm lugar para beber água, possibilidade de ir ao banheiro e as empresas não toleram o mínimo de atraso na busca da entrega.
O integrante do coletivo Entregadores Antifascistas ES relata que essa realidade se tornou ainda pior com a pandemia. Não há disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara e álcool em gel; pagamento de insalubridade; e, apesar de o lucro das empresas ter aumentado significativamente, as promoções foram retiradas. Segundo Lemão, antes da pandemia, a empresa fazia promoções sazonais nas quais davam um valor a mais por cada entrega feita em um dia específico.
Outra queixa dos trabalhadores é que a quantidade de entregadores aumentou durante a pandemia e não há demanda para todo mundo, mesmo assim, as empresas estão contratando.
Em julho, os entregadores realizaram a primeira paralisação em todo o País. No Estado, os trabalhadores interditaram a Avenida Reta da Penha, na altura da Petrobras, sentido Centro de Vitória, onde funcionam os escritórios de duas empresas de aplicativo.