“Casagrande e Bolsonaro fazem política com nossas vidas”, dispara Tadeu Guerzet, presidente da entidade
O Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos) encaminhou uma notificação extrajudicial ao governo do Estado em defesa da manutenção do teletrabalho, repudiando, portanto, o Decreto nº 4697-R, publicado nesse sábado (25), que determina a presença de no mínimo 50% dos servidores em repartições públicas.
Alterando o Decreto nº 4629-R, de 15 de abril, a normativa delega à autoridade máxima de cada órgão ou entidade a tarefa de garantir atuação de pelo menos metade dos trabalhadores em formato presencial em cada setor e estabelece que a medida entrará em vigor a partir do próximo sábado (1º).
“A atitude de Casagrande em obrigar o retorno dos servidores, sem nenhum diálogo com a categoria, assemelha o jeito de governar de Bolsonaro. Os dois estão usando nossas vidas para fazer política. Mais uma vez, o governo estadual toma uma atitude ignorando as entidades representativas. Tanto os números quanto os profissionais da saúde alertam que não é o momento dessa flexibilização. Vai morrer gente e a culpa será de Casagrande e de Bolsonaro pela omissão” critica o presidente do Sindipúblicos, Tadeu Guerzet.
A entidade salienta que repartições estaduais funcionam em ambientes insalubres e até mesmo sem ventilação devida, apenas com ar-condicionado, o que não é recomendado como medida de prevenção à Covid-19. O risco, reforça, extrapola os próprios servidores e se estende também para seus familiares.
A notificação pede que os servidores que estejam cumprindo suas funções por meio de trabalho remoto sejam mantidos em isolamento. Retirá-los dessa condição agora, afirma o sindicato, é contraditório. “Ao mesmo tempo em que coloca restrições para o funcionamento de comércio e serviços, além de pedir que a população capixaba fique em casa, o Governo do Estado age contrário ao que determina, aumentando a circulação e a aglomeração de pessoas, não só nos órgãos públicos, mas também em toda a estrutura urbana, como a de transporte público, que se mantém superlotado – representando, segundo estudos, 50% dos casos de transmissão, além de serviços de alimentação e etc.”, expõe.
O documento aborda ainda a situação das crianças e adolescentes que, com a obrigação de retorno ao trabalho presencial de seus pais, mães e familiares, estarão desamparados, sendo obrigadas a serem tuteladas por parentes, amigos e vizinhos, aumentando ainda mais o risco de contaminação.
A entidade salienta ainda que “a contaminação por Covid-19 pode ser considerada doença ocupacional, figurando como acidente de trabalho, ao colocar os servidores que poderiam desenvolver suas atividades de forma remota ao risco de contaminação, seja por meio da utilização de transportes coletivos superlotados, seja em ambientes de trabalho inadequados”.
O trabalho remoto e o distanciamento social estabelecidos em abril, aponta o Sindipúblicos, devem ser mantidos até que surja “um medicamento e/ou vacina que garanta a segurança de toda população”.